Folha de S. Paulo


'Dilma é quem vai dar o tom', dizem senadores sobre depoimento

Alan Marques/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 28.08.2016. Senadores do PSDB e do DEM fazem reunião na liderança tucana no Senado Federal para decidir sobre os questionamentos que serão feitos à presidente Dilma Rousseff durante a sessão de julgamento de seu Impeachment na sessão plenária do dia 29. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
Senadores do PSDB e do DEM se encontraram no espaço da liderança tucana no Senado

Senadores de partidos como o PSDB, DEM e PP dizem que pretendem priorizar o debate técnico e respeitoso, mas que, no final, é a presidente afastada Dilma Rousseff quem vai "dar o tom" do embate com seus adversários políticos durante sua fala no julgamento do impeachment, nesta segunda (29), no Senado.

Os parlamentares que fazem oposição ao PT se reuniram na manhã deste domingo (28) para tentar definir uma estratégia linear de atuação durante os questionamentos que farão à petista.

Há grande preocupação em não errar durante o embate para não dar à presidente afastada a chance de se "vitimizar" durante sua fala. Apesar disso, eles tentaram minimizar o potencial do discurso de "virar votos" no plenário.

"Caberá a ela dar o tom, se manifestar, e acredito que o fará com o mais absoluto respeito", disse o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG).

A ala de senadores pró-impeachment diz que vai centrar seus questionamentos nas questões "técnicas, sempre na direção dos crimes que, a nosso ver, foram cometidos pela presidente".

"Se o tom da presidente for outro, obviamente a reação será à altura", concluiu Aécio.

'NÃO MUDA VOTO'

Apesar da grande expectativa em torno do encontro entre Dilma e os senadores, os parlamentares que fazem oposição à petista tentaram minimizar o impacto que sua fala terá sobre os colegas de plenário.

As notícias de que a petista está sendo aconselhada a fazer um pronunciamento mais emotivo e menos técnico é visto pelos senadores que fazem oposição ao PT como um sinal de que ela buscará se "vitimizar".

"Dilma vai jogar com emoção para tentar conquistar algum voto, mas esse jogo está jogado e só resta a ela a vitimologia, argumentos não existem", afirmou Agripino Maia (DEM-RN). "A ordem é distribuir maracugina para todo mundo e evitar criação de fatos novos, sem cair em provocação", concluiu.

Para Aécio, o conteúdo da fala da presidente não terá o poder de "virar votos" na Casa. "Acho que todos os senadores já chegarão aqui na segunda sabendo que botão apertar na votação", disse.

Também haverá pressão para que ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski, que preside o julgamento do impeachment, a interferir para evitar que Dilma faça "um novo discurso a cada pergunta".


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