Folha de S. Paulo


Em 1992, relação entre interino e afastado azedou após substituição

A relação entre o presidente interino, Itamar Franco (1930-2011), e o afastado, Fernando Collor, azedou rapidamente antes do julgamento final.

Em 1992, o vice não teve papel central no impeachment —Collor chegou a anunciar uma "transição civilizada" pós-afastamento.

Itamar, porém, ressentiu-se da ausência do titular na cerimônia em que assumiu o cargo. Chateou-se por ter sido visto como adversário quando, avaliava, nada tinha a ver com o processo.

Edivaldo Ferreira - 2.out.1992/Agência o Globo
Brasí­lia (DF) - 02/10/1992 - Itamar Franco (Presidente da República) - Itamar recebe do senador Dirceu Carneiro o comunicado sobre o afastamento de Collor da Presidência - Foto Edivaldo Ferreira / Agência O Globo - Negativo: 92-25318 ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Então primeiro-secretário do Senado, Dirceu Carneiro notifica Itamar Franco sobre a saída de Collor

O cuidado no trato começaria a ruir três dias depois, quando o interino atacou o titular em discurso: "O povo brasileiro retoma o Estado em suas mãos depois de período turbulento, carregado de intranquilidade, indignação e constrangimentos".

Diferentemente de Michel Temer, que anunciou medidas assim que substituiu Dilma, Itamar disse, em novembro de 92, que nada de relevante seria decidido até o julgamento final de Collor. A decisão desesperou o mercado.

Collor, que não foi atendido nem quando telefonou para manifestar pêsames pela morte da mãe de Itamar, atacava: "Essa instabilidade assim tão cedo é um desastre".


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