Folha de S. Paulo


Em 1º dia de campanha, Erundina provoca Doria e critica lei eleitoral

Marlene Bergamo/Folhapress
Sao Paulo, SP,Brasil 16.08.2016 Lancamento da campanha da chapa Luiza Erundina e Ivan Valente (PSOL) a Prefeitura de SP Foto: Marlene Bergamo/Folhapress cod 0717
Os candidatos à Prefeitura de SP Luiza Erundina e Ivan Valente (PSOL) no ato de início de campanha

Em caminhada pelo centro de São Paulo nesta terça-feira (16), primeiro dia de campanha, a candidata à Prefeitura de São Paulo Luiza Erundina (PSOL), fez críticas à nova lei eleitoral, que a deixa fora dos debates, e provocações aos adversários.

O maior alvo foi o candidato do PSDB, João Doria, cujo ato de início de campanha cruzou com o da deputada federal na Praça do Patriarca, próximo ao prédio da Prefeitura. "Ô, Doria, eu quero ver/ A Erundina nos debates da TV", gritavam os militantes do "Juntos", ala jovem do PSOL, ao verem se aproximar as bandeiras do tucano.

O grito foi rebatido com o "olê, olê, olê, olá, Doria, Doria" dos militantes tucanos e a durante cerca de dez minutos a bateria do PSOL competiu com os apitos do PSDB, até que a passeata do empresário fez uma parada. Na frente da Prefeitura, um outro grito: "Não quero Doria/ e nem Haddad/ é Erundina a prefeita da cidade".

"Que engraçado, a gente aqui e os coxinhas lá", riu uma menina que acompanhava a caminhada de Erundina, sobre a divisão da praça que separava as duas aglomerações.

Após um grito que chamava Doria de "candidato do trensalão [referência ao escândalo do cartel dos trens no governo do Estado, do PSDB]", um homem com bandeiras do candidato respondeu aos militantes do PSOL: "Quem faz mensalão são vocês do PT!"

Apesar das provocações, não houve confusão entre os militantes, e os candidatos não chegaram a se encontrar —o vice de Erundina, Ivan Valente, também deputado federal, chegou a fazer menção de ir à outra passeata falar com Doria, mas foi dissuadido pelos participantes do ato.

Militantes vestidos com camisetas da campanha de Doria até se misturaram à de Erundina. Um menino se aproximou para beijar a deputada: "é família, deixa eu passar", pediu a um homem que separava as manifestações. Um dos coordenadores da campanha do tucano também manifestou desejo de ir cumprimentar a candidata.

No caminho até a praça da República, a deputada conversou com transeuntes, cumprimentou ambulantes ("no meu governo, não tem 'rapa'", afirmou) e foi parada por uma travesti, que questionou a candidata sobre políticas LGBT. "Está uma palhaçada para os LGBTs nessa gestão", disse a mulher.

Em outro momento, Erundina pediu vaias a Marta Suplicy, candidata do PMDB, Doria e também ao Major Olímpio, candidato pelo Solidariedade. Os três afirmaram que não concordam com a participação da candidata nos debates de TV De acordo com a nova lei, apenas partidos cuja bancada na Câmara seja superior a nove deputados têm direito assegurado nos debates.

Como o PSOL possui apenas seis, precisa de convite das emissoras e da aprovação de parte dos adversários para participar. Haddad, candidato do PT, e Russomanno, do PRB, se manifestaram favoravelmente à participação de Erundina, que é a terceira colocada em intenção de votos na última pesquisa Datafolha, com 10%, atrás de Russomanno e Marta.

"Eles tem medo da nossa participação, porque aqui não tem corrupto", afirmou a candidata.

NO SUPREMO

O partido entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal que questiona a constitucionalidade da nova regra dos debates, afirmando que ela constitui uma cláusula de barreira.

Movida pelo PSOL e pelo PV, a ação é o segundo item da pauta prevista para a sessão do plenário do STF no dia 24 de agosto. Não há garantia de que a matéria seja de fato analisada nesse dia.

Antes da data, no entanto, deve acontecer o primeiro debate, da Rede Bandeirantes. A campanha de Erundina pretende entrar também com uma representação junto ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo para que seja concedida liminar para a participação da candidata neste debate ou para o adiamento dele para depois do julgamento, disse Ivan Valente.

Os partidos também questionam que apenas 10% do horário eleitoral seja dividido igualmente entre as siglas e que somente os seis maiores partidos de uma coligação sejam considerados para a divisão do tempo restante.

Colaborou THAIS BILENKY


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