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Discreto, marido de Marta atua nas finanças e é criticado por petistas

Folhapress
Marta Suplicy e o marido, Márcio Toledo, jantam com Andrea Matarazzo e a mulher, Sonia Matarazzo, na véspera da convenção do PMDB municipal de São Paulo
Marta Suplicy e o marido, Márcio Toledo, jantam com Andrea Matarazzo e a mulher, Sonia, em SP

Marido da senadora Marta Suplicy (ex-PT, atual PMDB-SP), o empresário Marcio Toledo, ex-presidente do Jockey Club de São Paulo, desempenha, pela segunda vez, papel-chave nas finanças de campanha e na articulação política de sua mulher.

Sua atuação na corrida de Marta à Prefeitura de São Paulo é reprise das funções que desempenhou em 2010 na campanha pela cadeira da mulher no Senado.

Apontado por petistas como o pivô do distanciamento entre a senadora e o PT, o empresário encontrava-se com potenciais doadores e recebia a coordenação da campanha em seu apartamento para reuniões.

Agora, encarregou-se novamente de conseguir dinheiro para a campanha.

Vindo de família rica e com bom trânsito no meio empresarial, Toledo é fundador da empresa Interbanc –que possui negócios em diversas áreas, inclusive na criação de cavalos puro-sangue inglês– e sócio de uma companhia de telecomunicações que presta serviços para a Net e para a Embratel.

O tesoureiro da campanha, o advogado José Roberto Pimentel de Mello, é um homem próximo a Toledo –ambos são sócios em ao menos duas empresas e, embora o escritório de Mello fique na Vila Madalena, o local registrado na Receita é o endereço comercial de Toledo.

Além disso, o advogado foi secretário-geral na gestão de Toledo como presidente do Jockey (2005-11) e representa o amigo em ação civil de arrolamento de bens por uma ex-companheira.

FESTAS

Ao mesmo tempo em que arranjava verba para a campanha de Marta em 2010 –ao menos R$ 19,2 mil foram doações do próprio Marcio e de empresas que ele controla–, o empresário valia-se do capital político da então namorada para levar figuras proeminentes a eventos no Jockey.

Sócios avaliam que sua gestão do clube priorizou mais a realização de eventos do que a área fiscal.

"Dedicou mais atenção para uma área social, de fazer festas", diz o advogado Vicente Renato Paolillo, membro do conselho do clube.

A gestão seguinte à de Toledo herdou dívidas de cerca de R$ 400 milhões (R$ 580 milhões corrigidos).

Havia expectativa de que o empresário, com seus contatos políticos, conseguiria beneficiar o Jockey em relação à cobrança de IPTU, mas isso não se concretizou.

'SE ENFIOU'

Em 2010, Marta e Toledo integraram a comitiva de Dilma que viajou a Nova York para jantar de gala em homenagem ao então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, hoje ministro da Fazenda de Michel Temer.

A presença do então namorado causou alvoroço entre petistas de São Paulo, que creem que ele "se enfiou lá".

Referiam-se ao empresário, que é filiado ao PMDB, como "Cavalo", apelido que fazia referência à sua posição no Jockey Club e ao seu porte físico.

Na época, Toledo viu Marta se desentender com o PT e separar seus esforços da campanha do ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante, que disputava o governo do Estado. A desavença levou Marta a contratar o publicitário Duda Mendonça como marqueteiro próprio.

Mais tarde, ela se queixou de uma aproximação entre sua legenda e o músico Netinho de Paula (então PC do B), candidato que chegou a ficar à sua frente em algumas pesquisas eleitorais.

Eleita, a senadora montou seu gabinete sem pessoas ligadas aos tradicionais aliados do PT de São Paulo, como Jilmar Tatto e Valdemir Garreta –ambos ex-secretários da gestão de Marta Suplicy na Prefeitura de São Paulo, entre 2001 e 2004.

Petistas ainda indicam Toledo como a pessoa que fez a aproximação entre Marta e os peemedebistas Renan Calheiros, presidente do Senado, e José Sarney, ex-presidente da República.

Procurado via assessoria da campanha, Toledo não quis atender à Folha.


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