Folha de S. Paulo


Dilma decide fazer mudanças e adia publicação de carta a senadores

Marlene Bergamo - 26.mai.2016/Folhapress
A presidente afastada Dilma Rousseff durante entrevista dada à Folha no fim de maio
A presidente afastada, Dilma Rousseff, durante entrevista dada à Folha no fim de maio

A presidente afastada, Dilma Rousseff, almoçou nesta quarta-feira (10) com senadores no Palácio da Alvorada e decidiu fazer novos ajustes na carta que escreveu aos parlamentares, adiando mais uma vez a publicação do documento para até a próxima terça-feira (16).

A previsão era a de que Dilma divulgasse a carta aos 81 senadores nesta quarta, com sugestões de Cristovam Buarque (PPS-DF), que acabou fazendo um discurso a favor do impeachment na sessão no Senado que tornou a petista ré.

Bastante irritada com o senador, Dilma resolveu fazer mudanças no texto, inclusive incorporando novas sugestões. Parlamentares do PT, no entanto, afirmam que a presidente afastada "perdeu o timing" da divulgação do documento e que, agora, a carta não terá mais valor em troca de apoio.

Segundo a Folha apurou, a última versão da carta, que ainda não é definitiva, tem cinco páginas e ainda mantém como bandeira central a defesa de um plebiscito para a realização de novas eleições, o que contraria a posição do presidente nacional do PT, Rui Falcão.

No almoço, senadores petistas afirmaram que estão trabalhando para convencer sete colegas de Senado a votar a favor de Dilma no julgamento final do impeachment, mas reconheceram que será uma "luta inglória". Ela precisa de 28 votos para impedir seu afastamento definitivo.

Um dos principais focos da ofensiva petista é o senador Pedro Chaves (PSC-MS), suplente do ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS). O PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deram aval para negociar apoio nas eleições municipais deste ano em troca de votos a favor Dilma.

TOM AUTORAL

Dilma acatou ainda a sugestão de senadores para que, além da ideia do plebiscito e de mais participação de aliados num eventual novo governo, faça uma espécie de "desabafo", numa carta bastante autoral.

A presidente afastada relutou a escrever a carta e já fez pelo menos quatro versões do coumentos, consultando presidentes de partidos aliados, parlamentares e ex-ministros petistas.

"Ela aceitou nossa sugestão de ser um documento dela, com as opiniões, os sentimentos e as posições dela e não só do PT e dos movimentos sociais. Sugerimos que tenha um tom em defesa da democracia culminando com a defesa de uma consulta à população. Ela não vai perder apoio do PT, do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra] e dos movimentos sociais se defender o plebiscito", afirmou Humberto Costa (PE), líder do PT no Senado.


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