Folha de S. Paulo


Tucano acusa delegados, e base de Alckmin esvazia CPI da Merenda

Marlene Bergamo - 6.mai.2016/Folhapress
 GALERIA DA SEMANA - MAIO 01 - Estudantes da rede pública de ensino invadem plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), na zona sul de São Paulo (SP), onde pediram investigação de contratos superfaturados de merenda na gestão Alckmin (PSDB). (Foto: Marlene Bergamo/Folhapress)
Alunos da rede pública ocuparam a Assembleia, em maio, cobrando investigação da máfia da merenda

Em discurso inflamado, o deputado Barros Munhoz (PSDB) acusou três delegados de polícia que investigaram o suposto esquema de corrupção envolvendo a compra de merenda em São Paulo de estarem montando uma farsa para desgastar o governo Geraldo Alckmin (PSDB).

"Eles [delegados] estão aqui escamoteando a verdade, manchando um governo aprovado pela população. Isto aqui é uma farsa que esses três delegados estão promovendo", disse Munhoz, durante o depoimento dos policiais à CPI da Merenda na Assembleia Legislativa nesta terça (9).

Em seguida, Munhoz abandonou a sessão, sendo seguido aos poucos pelos colegas governistas.

Às 13h42, o presidente da CPI, Marcos Zerbini (PSDB), precisou encerrar a reunião por falta de quórum. Dos nove integrantes, restavam no plenário apenas o relator, Estevam Galvão (DEM), o tucano Carlão Pignatari e Alencar Santana Braga (PT), o único de oposição ao governo que é titular na comissão.

Os delegados ouvidos foram José Eduardo Vasconcelos, Mario José Gonçalves e Paulo Roberto Montelli, de Bebedouro (SP). Eles iniciaram no ano passado as investigações que culminaram em janeiro na operação Alba Branca, que investiga supostos desvios na merenda.

A Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar), que, segundo a investigação, está no centro do esquema, é sediada em Bebedouro.

Munhoz, antes de deixar a sessão, acusou os delegados de prevaricação por, no entendimento dele, conhecerem a realidade da cidade há anos e não terem desbaratado o esquema na Coaf antes de a entidade firmar contratos com o poder público.

O deputado Roque Barbiere (PTB), que compareceu à CPI sem ser membro efetivo, questionou os delegados sobre eventuais irregularidades na investigação do caso.

Em mais de um momento, Barbiere acusou os delegados de agirem em conluio com promotores para atingir políticos.

Um dos investigados pela Alba Branca é o presidente da Assembleia, Fernando Capez (PSDB), que tem afirmado com frequência ser alvo de uma apuração com fins políticos.

Quando as críticas de Munhoz e Barbiere subiram de tom, os delegados ameaçaram deixar o local, mas desistiram.

O petista Braga criticou as perguntas feitas pelos deputados da base de Alckmin que, em sua opinião, tinham o objetivo de desqualificar a investigação e tirar o foco das suspeitas de fraude na merenda.

Após o término da reunião, o presidente da CPI disse que prevê a realização de duas sessões na semana que vem para ouvir ex-integrantes da Coaf.

Questionado sobre o esvaziamento do plenário pelos colegas, o que encurtou a participação dos delegados, Zerbini respondeu que, provavelmente, os deputados já estavam "satisfeitos" com as respostas dos policiais.

Uma quinta testemunha prevista para ser ouvida nesta terça, o ex-colaborador da Coaf João Roberto Fossaluzza Junior, não compareceu. Enviou ofício à CPI pedindo para prestar depoimento em uma sessão fechada para o público. No documento, segundo Zerbini, ele alegou estar sofrendo ameaças –sem especificar de quem.

Mais cedo, houve bate-boca após o deputado Alencar Santana Braga (PT) levar para o plenário uma embalagem de carne estragada que, segundo ele, foi descartada por uma escola estadual de Mauá (Grande SP).


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