O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja nesta terça-feira (9) a Brasília para se reunir com Dilma Rousseff e fechar a última versão da carta que a presidente afastada pretende entregar aos 81 senadores até esta quarta (10), com o apoio a um plebiscito para a realização de novas eleições.
Lula deve chegar à capital na tarde desta terça para uma reunião no Palácio da Alvorada com a presença dos ex-ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), além de presidentes de partidos políticos e parlamentares que apoiam Dilma.
Segundo a Folha apurou, porém, o presidente do PT, Rui Falcão, não deve participar do encontro. Ele está em Brasília em reuniões internas para tratar de questões do partido, mas não do impeachment.
Na semana passada, Falcão disse ser contra o plano de consulta popular, que é o ponto central da carta que vem sendo elaborada pela petista.
CONSCIENTE
Aliados afirmam que, às vésperas da sessão no Senado que vota o relatório de Antonio Anastasia (PSDB-MG), favorável a seu afastamento definitivo, Dilma estava "firme" e "consciente" de que não conseguiria os votos necessários para voltar ao Planalto. Mesmo assim, defendem interlocutores, é preciso divulgar a carta como um "gesto político".
Ainda segundo pessoas próximas, Dilma não pretende acompanhar a sessão desta terça, que deve durar mais de 20 horas, pela televisão. Vai preferir se reunir com Lula e aliados e receber informes periódicos sobre o que está se passando no Senado.
O advogado da presidente afastada, José Eduardo Cardozo, vai acompanhar grande parte da sessão do plenário da Casa, mas na parte da tarde deve deixar os trabalhos na mão de outro advogado enquanto elabora as alegações finais. Ele não deve, no entanto, participar das reuniões no Alvorada.
Lula deve ficar em Brasília até a quarta-feira (10), quando se reunirá com as bancadas do PT na Câmara e no Senado para traçar a estratégia do partido no Congresso até o desfecho do impeachment e para depois do afastamento definitivo de Dilma, dado como certo pelo ex-presidente e pela cúpula do PT.