Folha de S. Paulo


Promotor teme 'comércio' de CPFs com nova regra de doação eleitoral

Na avaliação do Ministério Público Eleitoral, a mudança na legislação para doações financeiras abre precedente para a ampliação do caixa dois. De acordo com o promotor José Carlos Bonilha, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, as novas regras podem criar o que ele chama de "comercialização de CPFs".

"Uma determinada pessoa que queira fazer uma doação acima do estabelecido pode 'alugar' o CPF de outro cidadão para fazer a transação. Aquele que alugou o documento recebe um dinheiro por fora", explica.

A Promotoria Eleitoral, diz Bonilha, está atenta a uma possível nova forma de abastecimento ilegal de campanhas. Será fundamental, afirma, cruzar dados declarados à Receita com os doadores.

A NOVA REGRA DO JOGO

Ainda de acordo com o promotor, o Ministério Público Eleitoral vê reais chances de o crime organizado atuar na arrecadação ilegal para as campanhas. "Nesse caso, as candidaturas de vereadores são as mais vulneráveis", diz.

"Abusando da relação de subserviência de determinada comunidade, o crime organizado pode usar o mesmo mecanismo da comercialização de CPFs", afirma Bonilha.

Além de os candidatos fiscalizarem uns aos outros e reportarem denúncias, Bonilha diz que "possíveis discrepâncias entre as projeções de gastos declarados e a campanha na rua" serão uma maneira de identificar irregularidades.


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