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PF indicia Paulo Bernardo e ex-tesoureiros do PT

Marcus Leoni /Folhapress
O ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, deixa a sede da Polícia Federal (PF) em São Paulo
O ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, deixa a sede da Polícia Federal (PF) em São Paulo

O ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo foi indiciado nesta terça-feira (26), pela Polícia Federal (PF), por corrupção passiva e participação em organização criminosa no âmbito da Operação Custo Brasil, desdobramento da Operação Lava Jato que investiga desvio de dinheiro de contratos de crédito consignado oferecido a servidores públicos.

Os ex-tesoureiros do PT Paulo Ferreira e João Vaccari Neto estão indiciados pelos crimes de organização criminosa e tráfico de influência. Vaccari também é acusado de lavagem de dinheiro. Eles teriam participado de um esquema que desviou mais de R$ 100 milhões entre 2010 e 2015.

O relatório da PF foi enviado para a Justiça Federal na última sexta-feira (22) e segue para o Ministério Público Federal, que vai decidir se denuncia ou não os indiciados. No dia 23 de junho, Paulo Bernardo foi preso acusado de receber R$ 7,1 milhões em propina da Consist, empresa proprietária do software que gerenciava o crédito consignado e é considerada pela PF como a pivô do esquema.

O ex-ministro da Previdência Social Carlos Gabas não foi indiciado. Segundo os policiais, as investigações sobre a participação dele devem ser aprofundadas.

Paulo Bernardo, Paulo Ferreira e Carlos Gabas estão com os bens bloqueados por ordem do juiz Paulo Bueno de Azevedo, da sexta vara da Justiça Federal. Segundo a decisão, Ferreira pode ter bloqueado até R$ 755 mil e o no caso do ex-ministro o valor pode chegar a R$ 102 milhões. A conta é baseada na responsabilidade de cada um no esquema e o caráter do bloqueio é solidário, ou seja, a soma dos bloqueios deve dar R$ 102 milhões.

OUTRO LADO

A advogada Verônica Sterman, defensora de Paulo Bernardo, diz que o ex-ministro "não participou ou teve qualquer ingerência na celebração ou manutenção do acordo de cooperação técnica celebrado autonomamente entre a Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento e as associações de Bancos e Previdência (ABBC e SINAPP)", diz. "Também reitera que não recebeu qualquer quantia da Consist, direta ou indiretamente."

Luiz Flávio Borges D`Urso, que defende João Vaccari Neto, disse que "o indiciamento representa uma inadequação porque basea-se em informações trazidas por delator sem que tenha havido comprovação. E jamais se obterão essas confirmações, já que o conteúdo delas não corresponde à verdade", disse. O advogado de Paulo Ferreira, José Roberto Batochio, não quis comentar.

Como funcionava o esquema


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