Folha de S. Paulo


Falei que piano não voaria, não vaca, diz Matarazzo

Reprodução
primeira foto matarazzo e marta
Marta Suplicy (PMDB) e Andrea Matarazzo (PSD) posam juntos em primeira reunião após aliança

O vereador Andrea Matarazzo (PSD) disse à Folha que as críticas dirigidas à senadora Marta Suplicy (PMDB) ficaram "no passado" e que a insistência em falarem que se coligaria com ela "incomodou", porque pretendia se eleger prefeito de São Paulo.

"Eu estava lançando candidatura, em partido novo, e todo mundo pressionando. Queriam que eu falasse o quê?", afirmou Matarazzo.

No ato de sua filiação ao PSD, em março, ele disse, segundo o jornal "O Globo" que era "mais fácil vaca voar" do que ele se aliar à Marta. "Pelo que me lembro, eu disse que era mais fácil piano voar", afirmou, bem-humorado.

Em outra ocasião, no fim de abril, segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", o vereador afirmou: "É mais fácil um piano voar do que eu topar".

Matarazzo comentou que ele e Marta têm "temperamentos complementares" e o fato de os dois serem "bastante sinceros" evitará problemas. "Você sabe o que o outro pensa."

Os dois posaram para a primeira foto conjunta após a reunião de campanha, na tarde desta terça-feira (24), em que apresentaram as respectivas equipes, afinaram o discurso e fizeram acertos sobre a convenção que homologará a chapa, no sábado (30).

"Precisamos sair do campo de batalha e gerir São Paulo não com o fígado, com amor", defendeu. Matarazzo disse que os programas de governo de ambos têm pontos convergentes e a aliança "somará experiências".

"Não foi fácil decidir. Vejo que as pessoas falam como se fosse aritmética. Mas não é. Estou há anos me preparando para ser prefeito", afirmou. "Vamos tirar a cidade da permanente bipolaridade."

"Lá atrás, estávamos em campos políticos opostos e antagônicos. O tempo passou e amadurecemos", ele disse.

Em texto publicado em rede social, o vereador afirmou que trocas de acusações "por vezes, não se fundamentam em verdadeiras diferenças"..

"Marta e eu nos conhecemos há muitos anos. Tivemos várias diferenças", admitiu. "Enfrentamos a decepção com a velha política nos nossos partidos de origem. Não comungamos da mesma opinião em todos as coisas. Mas descobrimos que podemos dialogar e construir consensos. Achamos que o Brasil e São Paulo precisam retomar essa prática."

Matarazzo deixou o PSDB neste ano, após 25 anos na legenda, por desavenças nas prévias que indicaram João Doria pré-candidato do partido. No dia de sua filiação ao PSD, ele disse que seria "mais fácil uma vaca voar" do que ele ser vice de Marta.

Marta saiu do PT em 2015, depois de 33 anos, com críticas ao governo de Dilma Rousseff e ao envolvimento de correligionários em escândalos de corrupção.

Os dois selaram a aliança no último domingo (24), semanas depois de o vereador insistir que seria incoerente de sua parte associar-se a Marta.

Matarazzo disse que combinou com a nova aliada "de juntar nossas experiências e competências para combater o que realmente importa: as ameaças aventureiras e a manutenção do PT no comando da cidade".

Mas soltou farpas indiretas a Doria, que apresentou o programa "O Aprendiz": "Gerenciar São Paulo não é para aprendiz", escreveu.

O candidato a vice defendeu a construção de "um novo campo político para ajudar o país a sair da crise".

O presidente interino, Michel Temer (PMDB), ajudou a articular a aliança, com envolvimento de dois ministros de seu governo, Gilberto Kassab (Comunicações), presidente nacional do PSD, e o tucano José Serra (Relações Exteriores), próximo de Matarazzo.

A nova chapa soma a força de Marta na periferia e a de Matarazzo entre as classes média e alta, colocando um novo obstáculo a João Doria, aposta do governador Geraldo Alckmin.

Serra e Alckmin são potenciais candidatos tucanos à Presidência em 2018.

Matarazzo afirmou que "o grande sonho e privilégio de ser prefeito de São Paulo, que sempre declarei, se revelam menores diante do que é melhor para a cidade".

"São Paulo não pode ser instrumento do capricho de ninguém. A vaidade, a ambição de poder desmedido e a arrogância não devem conduzir o destino de nossa cidade."


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