Folha de S. Paulo


A pedido de Temer, Rodrigo Maia busca aproximação com derrotados

Alan Marques/Folhapress
O presidente interino Michel Temer recebe o novo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF)
O presidente interino Michel Temer recebe o novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ)

Em resposta a um apelo feito pelo Palácio do Planalto para assegurar a estabilidade política no Congresso, o novo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu iniciar uma aproximação com os deputados que saíram derrotados na eleição da madrugada desta quinta-feira (14).

O deputado do DEM realizou visitas de agradecimento às siglas que o apoiaram e combinou conversas na semana que vem com dirigentes e líderes do "centrão", grupo de partidos médios que acabou derrotado no segundo turno da disputa eleitoral.

O novo presidente conversou pelo telefone com o segundo colocado na disputa, Rogério Rosso (PSD-DF), e falou pessoalmente com o líder do governo, André Moura (PSC-SE), expoentes do "centrão". A ideia é que ele se reúna com ambos para discutir a pauta do segundo semestre.

"A gente tem que olhar para o futuro e não para o passado. Temos uma base aliada de 400 deputados. Não vamos mais separá-la: a base da antiga oposição e a base do 'centrão'. Isso tudo está atrapalhando o Brasil", disse.

Preocupado com a fragmentação na base aliada, o presidente interino, Michel Temer, fez um apelo nesta quinta a Maia para que ele retome o clima de estabilidade na Câmara em nome da governabilidade do país.

O pedido faz parte de estratégia do peemedebista para evitar que feridas abertas na disputa eleitoral possam afetar a votação de propostas de interesse do governo, como o teto para os gastos públicos, a renegociação das dívidas estaduais e as reformas trabalhista e previdenciária.

Com o objetivo de minimizar danos, o presidente interino fez questão de telefonar não só para Maia, mas também para Rosso após o resultado do segundo turno, na madrugada de quinta-feira (14). Nas ligações, parabenizou ambos pelo desempenho na eleição parlamentar.

Mais cedo, antes do encontro com Maia, o interino avaliou que a escolha de Maia trará maior harmonia na relação entre o Legislativo e o Executivo. Ele disse que ficou "felicíssimo" com o resultado e ressaltou que vê uma "distensão" do clima de animosidade que havia no país.

GABINETES VAZIOS

No apelidado "périplo da vitória", Maia priorizou visitas a dirigentes do PSDB, PSB e PMDB, mas, às vésperas do "recesso branco", encontrou gabinetes vazios.

Na tentativa de visitar o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), procurou-o em seu gabinete, mas não o encontrou. Chegou a entrar também na liderança do PMDB na Câmara dos Deputados, mas não havia um parlamentar sequer.

Durante o dia, contudo, o novo presidente conseguiu se reunir com o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, e com o ministro tucano José Serra (Relações Exteriores).

Ele também se encontrou com o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), que disse ter torcido por sua vitória.

Segundo o peemedebista, ela demonstra que a "boa política não morreu". "Depois da vitória do presidente Aldo Rebelo [que comandou a Câmara entre 2005 e 2007], eu tive, talvez, a maior satisfação com a eleição de presidente na Câmara", disse, sem mencionar que, em 2009, o eleito para comandar a Casa foi Michel Temer.


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