Folha de S. Paulo


Empresa bancou evento de Doria, diz Ministério Público

João Doria

Um vídeo mostrando João Doria (PSDB) em jantar bancado por uma empresa entrou na mira do Ministério Público Eleitoral. No evento, em junho, ele fala abertamente como pré-candidato a prefeito de São Paulo.

No entendimento da promotoria, o ato configura doação de campanha por pessoa jurídica, o que o Supremo vetou em setembro de 2015.

O promotor Carlos Bonilha afirmou que já reuniu elementos "fortes" e suficientes para entrar com ação na Justiça contra Doria por abuso de poder econômico. A legislação só permite que a ação seja ajuizada após o registro da candidatura, que pode ocorrer até 15 de agosto.

Se acolhida pela Justiça, a ação pode levar à cassação da candidatura ou do mandato, caso o tucano seja eleito. Se isso ocorrer, ele ficará inelegível por oito anos.

O evento, um jantar realizado em 9 de junho na casa de eventos Club A, teve o custo de R$ 60 mil bancado pela Gocil, empresa de segurança associada ao Grupo Lide, fundado por Doria.

Ao MPE, o PSDB afirmou que o evento não teve conotação política. No entanto, o pré-candidato disse na ocasião que pretendia ser prefeito. "Ao final dos quatro anos –não vou disputar reeleição, depois é renovação– quero ter o orgulho de dizer: cumpri o meu dever e fui um bom prefeito", discursou.

Bonilha ainda usará como base para a ação depoimentos do senador José Anibal (PSDB), do ex-governador Alberto Goldman (PSDB) e do vereador Adolfo Quintas (PSD) dando conta de suposta compra de votos de filiados nas prévias do PSDB.

Ao Ministério Público, Quintas afirmou que Doria chegou a dar até R$ 5.000 para militantes o apoiarem e conseguirem mais votos nas prévias do PSDB.

Doria também teria oferecido transporte para filiados comparecem às prévias e feito propaganda irregular, o que teria sido documentado em fotos. O pré-candidato acusa Quintas de calúnia na Justiça.

Bonilha também analisa se houve abuso de poder político na pré-campanha. Os indícios seriam o uso da imagem do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e de cargos de seu governo.

O promotor se refere a passeios de Alckmin com Doria pela periferia e a distribuição de fotos de ambos para favorecer o pré-candidato. Há ainda menção a "loteamento de cargos em troca de apoios partidários". Alckmin negociou cargos com PP, PHS e PV para formar a coligação de Doria.

OUTRO LADO

O advogado do tucano, Anderson Pomini, disse que seu cliente ainda não foi intimado a se manifestar e que tem confiança de que a ação não prosperará.

A defesa de Doria afirmou que o jantar custeado pela Gocil era uma "homenagem" a Doria e "não guarda qualquer relação com as eleições municipais". Já os depoimentos de Aníbal, Goldman e Quintas seriam "mero inconformismo com o resultado das eleições prévias do PSDB da capital, desprovidos de qualquer elemento probatório".


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