Folha de S. Paulo


Escolha de sucessor de Cunha divide base de Temer na Câmara

Diego Padgurschi - 12.abr.2016/Folhapress
O deputado afastado Eduardo Cunha, após entrevista no Salão Verde da Câmara
O deputado afastado Eduardo Cunha, após entrevista no Salão Verde da Câmara

A disputa pela sucessão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara já dividiu a base de apoio do presidente interino, Michel Temer, na Casa.

Partidos que se alinharam ao Planalto após o afastamento de Dilma Rousseff não conseguem se entender nem sequer sobre a data em que deve ser realizada a nova eleição para o comando da Casa.

O chamado "centrão", grupo que congrega partidos pequenos e médios, como PP, PSD e PSC, trabalha para que a escolha do novo presidente ocorra o mais rápido possível, na terça-feira (12). Para isso, conta com o apoio da cúpula do PMDB.

O pleito, no entanto, desagrada a siglas como o PSDB, DEM, PPS e PSB. Isso porque, nesse cenário, a eleição se daria no mesmo dia em que está prevista a reunião da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) em que o colegiado decidirá se acata recurso de Cunha contra a recomendação de sua cassação.

A coincidência das datas fez com que esses partidos protestassem. Nos bastidores, líderes afirmam que a sobreposição dos dois eventos –a nova eleição e a sessão da CCJ– será interpretada como uma tentativa de postergar ou tumultuar a reunião da comissão que pode sacramentar o destino de Cunha.

Por isso, o PSDB vem trabalhando para que a nova eleição ocorra, no mínimo, na quarta-feira (13). Já o DEM diz que ela deve ficar para quinta (14), seguindo a decisão do presidente interino, Waldir Maranhão (PP-MA).

Maranhão figura como outro obstáculo para o "centrão" e o PMDB. Cabe a ele como presidente em exercício determinar quando ocorrerão as sessões, mesmo que extraordinárias.

O interino da Câmara quer postergar ao máximo sua saída do cargo e tem insinuado que usará o tempo que lhe resta para levar a plenário ainda na próxima semana a votação sobre a cassação de Cunha, se o recurso apresentado pelo deputado afastado à CCJ não prosperar.

Tentando fazer valer sua determinação, Maranhão trocou nesta sexta (8) o secretário-geral da Casa, Silvio Avelino, que era atrelado a Cunha. Também anulou o ato dos líderes do "centrão" que prega nova eleição na terça.

O DEM tende a se somar a esse esforço. Um dos nomes que figuram como candidato ao comando da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), diz que o regimento da Casa garante a Maranhão a prerrogativa de estipular quando ocorrerá a sessão da nova eleição.

Até quinta-feira haveria tempo para que o seu bloco partidário organizasse uma candidatura de consenso. A data efetiva da votação, porém, ainda é uma incógnita.

PREOCUPAÇÃO

Maia é visto como um dos quatro favoritos para a disputa. Além dele, estão na lista Fernando Giacobo (PP-PR), Beto Mansur (PRB-SP) e Rogério Rosso (PSD-DF).

Apesar da insistência em negar sua candidatura, Rosso já tem discurso de quem está na disputa.

"Dizer que um candidato é ligado a A ou B é a forma mais fácil de desconstruir uma candidatura", afirmou, se referindo à vinculação de seu nome a Cunha.

Há uma profusão de candidaturas avulsas, o que tem preocupado o Planalto. No campo de PSDB, DEM, PSB e PPS, além de Maia, Heráclito Fortes (PSB-PI) demonstrou disposição em disputar.

A deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha do presidente do PTB, Roberto Jefferson, o delator do mensalão, também quer o posto. O ex-ministro da Saúde Marcelo Castro se lançou como nome do PMDB, sem o apoio da cúpula do próprio partido, mas com o suporte de alguns deputados do PT.

Nesse cenário, ministros de Temer fizeram contato com os líderes com apelos para que a disputa não leve a uma fragmentação da base do governo.

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