Folha de S. Paulo


Aliado de Cunha é favorito para sucedê-lo na presidência da Câmara

Os líderes partidários articulam eleger o sucessor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no comando da Câmara em votação na próxima terça-feira (12), ao contrário da previsão do presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), que chegou a marcar sessão para dois dias depois.

Pelo menos 12 nomes circulam como candidatos, cinco com mais força: Rogério Rosso (PSD-DF), Osmar Serraglio (PMDB-PR), Baleia Rossi (PMDB-SP), Fernando Giacobo (PR-PR) e Beto Mansur (PRB-SP).

Até a noite desta quinta, Rosso despontava como favorito, por ter o apoio de Cunha, do chamado "centrão" (grupo de deputados de PP, PR, PTB, PSD e PRB), e a simpatia do Palácio do Planalto.

O escolhido vai dirigir a Câmara durante um "mandato-tampão", até 1° de fevereiro do ano que vem, sem possibilidade de reeleição.

cadeira vazia

Conforme o entendimento da Secretaria-Geral da Mesa, o novo presidente pode ser eleito na sessão convocada pelos líderes na terça-feira, o que prejudicaria a votação agendada dois dias depois por Maranhão.

Serraglio e Baleia têm força por serem do PMDB, maior bancada da Casa, mas eles estariam dispostos a abrir mão de disputar um mandato-tampão em troca de uma candidatura em fevereiro de 2017.

O governo do presidente interino, Michel Temer (PMDB), também toparia essa estratégia para garantir o apoio do "centrão" a pautas importantes no segundo semestre. É diante deste cenário que o nome de Rogério Rosso, que já foi governador interino do Distrito Federal, larga na frente.

Em entrevista à imprensa horas depois da renúncia de Cunha, Rosso, que presidiu a comissão do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara, adotou discurso de que não é candidato, embora, nos bastidores, poucos duvidem disso.

Falou na necessidade de um "candidato de consenso" na base de Temer e defendeu que as eleições deveriam ocorrer o mais rápido possível para "evitar um racha na base aliada".

CORRENDO POR FORA

Além dos cinco mais cotados, surgem na corrida nomes como o de Júlio Delgado (PSB-MG), Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Carlos Manato (SD-ES).

Derrotado na eleição que escolheu Cunha no ano passado, Delgado deu início às conversas políticas para definir uma possível candidatura, desejo que ele ainda não assume em público.

Ele disse a interlocutores que na quarta-feira (6) consultou 20 parlamentares mais próximos, dos quais 14 disseram, segundo ele, que deveria se lançar já para o mandato-tampão.

Durante os trabalhos do Conselho de Ética, Delgado fez oposição aberta ao então presidente da Casa.

Ele ficou em terceiro lugar na disputa contra Cunha em 2015, com 100 votos.

Na ocasião, o peemedebista foi eleito com 267 votos, contra 136 dados a Arlindo Chinaglia (PT-SP), candidato apoiado por Dilma.

A disputa afastou Cunha do Palácio do Planalto e o peemedebista, desde então, começou a criar problemas para o governo da petista.

Delgado disse a interlocutores que, para ser eleito, seu grupo de apoio, formado pelo seu próprio partido, o PSB, mais o PPS, PDT, uma parte do PSDB, uma do PT e outra do PC do B, deve ter a capacidade de obter votos do chamado "centrão", formado por 12 partidos com mais de 290 parlamentares.


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