Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciou nesta quinta-feira (7) à presidência da Câmara dos Deputados. Ele anunciou a decisão em uma coletiva de imprensa, durante a qual chorou.
Agora, a Casa tem cinco sessões para realizar novas eleições para o cargo.
"É público e notório que a Casa está acéfala", afirmou, acrescentando que só sua renúncia poderia pôr fim ao impasse. "Estou pagando um alto preço por ter dado início ao impeachment."
O peemedebista disse que vai continuar defendendo sua inocência e acusou a Procuradoria-Geral da República de agir com seletividade abrindo inquéritos e apresentando denúncias com o intuito de desgastá-lo como presidente da Câmara.
A decisão de enfim deixar o cargo em definitivo ocorreu em reunião na noite de quarta (6), após a divulgação do voto de Ronaldo Fonseca (Pros-DF) na Comissão de Constituição e Justiça, que acatou apenas um dos 16 questionamentos de Cunha à tramitação de seu processo no Conselho de Ética, que recomendou a cassação de seu mandato.
Com a renúncia, Cunha pretende ter um aliado comandando a Câmara durante a sessão em que será votado o seu processo de cassação, já que Waldir Maranhão (PP-MA) rompeu com ele havia algum tempo.
O nome pelo qual ele tem predileção para ocupar o mandato-tampão pelos próximos meses é do deputado Rogério Rosso (PSD-DF), mas há pelo menos 12 candidatos informais na Casa para disputar o pleito.
Leia a íntegra da carta de renúncia de Cunha.
Até aliados do peemedebista dizem acreditar, porém, que as chances de o deputado escapar da punição são pequenas. Desde que foi afastado do cargo e do mandato pelo STF, Cunha vem perdendo força pouco a pouco na Câmara. Mas ainda reúne apoio político para influenciar a sua sucessão.
E mesmo com a avalanche de acusações de envolvimento no petrolão e com o afastamento determinado pelo STF, Cunha conseguiu obter 9 votos favoráveis a ele no Conselho de Ética (de um total de 20) e tinha, segundo aliados e até adversários, 30 dos 66 votos da Comissão de Constituição e Justiça.
Além disso, conseguiu apesar de todo o cenário desfavorável a ele ser recebido há alguns dias no Palácio do Jaburu por Michel Temer, mesmo nunca tendo tido uma relação de proximidade com o presidente da República interino. Ministros de Temer também atuam nos bastidores a favor do peemedebista.
Veja imagens da carta:
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Débora Álvares/Folhapress | ||
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Cronologia
Relembre a trajetória e as manobras de Eduardo Cunha desde que se tornou presidente da Câmara
1º.fev.2015
Cunha derrota governistas e é eleito presidente da Câmara
3.mar
Procuradoria-geral da República pede que STF abra inquérito contra Cunha e outros 27 políticos
12.mar
À CPI da Petrobras, Cunha nega ter contas no exterior
25.mai
Marcha de movimentos pró-impeachment é recebida por Cunha
16.jul
Delator Julio Camargo diz que pagou propina de US$ 5 mi a Cunha; deputado rompe com governo
20.ago
PGR denuncia Cunha por lavagem de dinheiro e corrupção
17.set
Entrega do pedido de impeachment
30.set
Suíça envia ao Brasil dados de 4 contas secretas de Cunha
13.out.
Psol e Rede pedem cassação de Cunha ao Conselho de Ética
3.nov
Processo é instalado e Fausto Pinato (PRB-SP) escolhido relator
9.dez
Cunha manobra para destituir Pinato e Marcos Rogério (DEM-RO) assume
15.dez
Rogério apresenta parecer contra Cunha; texto é aprovado
16.dez
PGR pede o afastamento de Cunha por obstruir investigações
2.fev.2016
Aliado de Cunha e vice da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA) anula sessão que aprovou parecer
2.mar
Em nova votação, Conselho dá continuidade ao processo
3.mar
Cunha se torna réu no STF; Janot o denuncia por contas na Suíça
17.abr
Câmara aprova impeachment
5.mai
Em votação unânime, STF suspende mandato de Cunha
7.jul
Eduardo Cunha renuncia à presidência da Câmara