Folha de S. Paulo


Papa aceita renúncia de bispo da PB acusado de acobertar pedofilia

Divulgação/CNBB
O ex-arcebispo da Paraíba Aldo Pagotto, que renunciou ao cargo
O ex-arcebispo da Paraíba Aldo Pagotto, que renunciou ao cargo

O papa Francisco aceitou a renúncia do arcebispo da Paraíba Aldo Pagotto, 66. O afastamento foi anunciado nesta quarta-feira (6) pelo Vaticano.

O comunicado do Vaticano não dá detalhes sobre o motivo do afastamento. O mesmo religioso ítalo-brasileiro é suspeito de ter abrigado em sua diocese padres e seminaristas acusados de abusar sexualmente de menores e expulsos por outros bispos.

Em 2002, ele foi acusado pelo Ministério Público do Ceará de coagir adolescentes para que mudassem seus depoimentos a fim de proteger um frei acusado de estupro.

Segundo a imprensa italiana, depois do início da investigação pelo Vaticano, em 2015, Pagotto recebeu a determinação de não ordenar padres ou receber novos seminaristas.

Em sua carta de renúncia, ele não fala diretamente sobre as acusações. Mas afirma que foi alvo de acusações "difamatórias" e foi "arbitrariamente exposto ao escárnio público".

Ainda diz que foi alvo de pressões e retaliações por sua postura no comando da Arquidiocese e que errou por "confiar demais" em padres e seminaristas que acolheu.

"Acolhi padres e seminaristas, no intuito de lhes oferecer novas chances na vida. Entre outros, alguns egressos, posteriormente suspeitos de cometer graves defecções, contrárias à idoneidade exigida no sagrado ministério. Cometi erros por confiar demais, numa ingênua misericórdia", afirmou.

A renúncia é o caso de mais alta autoridade da Igreja Católica relacionada à pedofilia entre os de maior repercussão pública dos últimos anos no país.

ENFERMIDADE

A Arquiocese da Paraíba não comenta sobre as acusações de acobertamento de abusos sexuais e informa em nota que o afastamento aconteceu por motivo de saúde.

No comunicado, o novo administrador apostólico Arquiocese da Paraíba, Dom Genival Saraiva de França, agradeceu a Dom Aldo Paggotto e afirmou que a renúncia não representa demérito ao arcebispo.

"Posso testemunhar-lhe, por experiência, que a renúncia ao governo diocesano não é demérito para nenhum Bispo, por ter completado 75 anos, como no meu caso, ou em razão de enfermidade, como no seu caso", diz.

Com a renúncia, o posto de arcebispo fica vago até que um substituto seja nomeado. Enquanto isso, Dom Genival de França, bispo emérito de Palmares (PE), administrará a Arquidocese.

Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa da Arqudiocese da Paraíba informou Dom Aldo Pagotto não dará entrevistas.


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