Folha de S. Paulo


Janot defende engajamento popular para preservar a Lava Jato

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 28-06-2016, 16h00: Seminário Grandes Casos Criminais, promovido pelo Conselho Nacional do Ministério Público. O procurador geral da república (PGR) Rodrigo Janot e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força tarefa da operação Lava Jato. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O procurador Deltan Dallagnol, da Lava Jato, e o procurador-geral Rodrigo Janot

O temor de que o andamento da Lava Jato possa perder fôlego devido a pressões políticas fez com que responsáveis pelas investigações cobrassem publicamente o engajamento da sociedade em defesa da operação.

O recado foi transmitido pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na abertura do seminário "Grandes casos criminais: experiência italiana e perspectivas no Brasil", na segunda (27), e reforçado nesta terça (28) nas falas de juristas e especialistas dos dois países que participam do evento, em Brasília.

Debatedores fizeram um paralelo com a Operação Mãos Limpas, ocorrida na Itália nos anos 1990.

"O apelo que faço é à opinião pública. O verdadeiro controle é o povo quem faz. As pessoas precisam colocar para fora suas vozes, cobrando uma educação para a legalidade. Se a lei for costumeiramente desrespeitada, sempre haverá gente prejudicada", disse o ex-deputado italiano e ex-magistrado do Ministério Público, Antonio di Pietro.

Segundo ele, é preciso existir um tripé para evitar a corrupção: prevenção, educação e punição. "Quem rouba é ladrão, não é político".

Um dos coordenadores da força-tarefa da Lava Jato, o procurador da República Deltan Dallagnol saiu em defesa da atuação de Janot, que vem sendo alvo de críticas de parlamentares alvos das investigações.

Segundo Dallangol, Janot se manteve isento em todo o processo de investigação. Para o procurador, "impunidade e sistema político apodrecido" são os principais causadores da corrupção. "Precisamos avançar com reformas legislativas que criem um ambiente avesso à corrupção".

IMPRENSA

O evento contou ainda com um painel sobre "A opinião pública e os grandes casos criminais". O editor-executivo da Folha, Sérgio Dávila, afirmou que as investigações tiveram influência nas manifestações que ocorreram a partir de 2015 pelo país. Segundo ele, as massas nos protestos não estavam lá por acaso, e citou o impacto medido em pesquisas do Datafolha sobre a popularidade de figuras públicas desde então.

O jornalista disse que a Folha mantém seu compromisso com a imparcialidade e com a verdade dos fatos, mesmo sendo alvo de pressões dos mais variados grupos políticos, e afirmou que isso traz consequências, como o cancelamento de assinaturas.

Dávila reafirmou a preocupação do jornal com eventuais exageros que ganhem destaque, como delações infundadas.

"O papel da imprensa é noticiar o que sabe, desde que haja interesse público, independentemente de quem vai ou não agradar", afirmou.


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