Folha de S. Paulo


Secretário de Haddad é preso em operação da PF e pede exoneração

O secretário municipal de Gestão de São Paulo, Valter Correia, foi preso nesta quinta-feira (23) pela Polícia Federal, que também deteve o ex-ministro Paulo Bernardo.

A gestão Fernando Haddad (PT) afirmou, em seguida, que Correia pediu, por meio de advogado, exoneração do cargo de secretário municipal de Gestão.

Em nota, a administração afirma que ele fez o pedido para "se defender de acusações, que são alheias à administração municipal".

A nota ainda elogia a atuação de Correia durante o período em que atuou como secretário, em que "cumpriu suas funções com diligência de forma transparente e republicana".

Correia assumiu a secretário em março de 2015. Em seu discurso de posse, afirmou que o objetivo era dar excelência aos serviços prestados pela prefeitura.

Antes de ser nomeado por Haddad, em março do ano passado, Correia foi chefe da Assessoria Especial para Modernização da Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão no governo Dilma, sob a então ministra Miriam Belchior.

Newton Menezes - 14.mar.2016/Futura Press/Folhapress
O secretário municipal de Gestão de São Paulo, Valter Correia
O secretário municipal de Gestão de São Paulo, Valter Correia

Batizada de Custo Brasil, a operação mira em um esquema de pagamento de propina em contratos de prestação de serviços de informática do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, pasta que foi comandada por Paulo Bernardo.

Estão sendo cumpridos 11 mandados de prisão preventiva, 40 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de condução coercitiva nos Estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Distrito Federal, todos expedidos, a pedido da PF, pela 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo.

Os investigadores afirmam ter elementos de que agentes públicos do ministério direcionaram licitações em favor de uma empresa de tecnologia e informática para gerir créditos consignados para servidores federais.

"Segundo apurou-se, 70% dos valores recebidos por essa empresa eram repassados a pessoas ligadas a funcionários públicos ou agentes públicos com influência no ministério por meio de outros contratos -fictícios ou simulados", diz a PF.

No total, as supostas fraudes investigadas teriam gerado subornos de aproximadamente R$ 100 milhões entre os anos de 2010 e 2015.

A investigação é fruto da delação premiada do ex-vereador de Americana (SP) Alexandre Romano, preso em agosto de 2015.

Segundo os policiais, ele foi um dos operadores do desvio de R$ 52 milhões em contratos do Ministério do Planejamento com empresas do Grupo Consist Software. Romano recebia recursos desviados da pasta desde 2010. A propina ia para empresas ligadas a ele.


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