Folha de S. Paulo


Delação de ex-vice da Caixa também cita Henrique Alves

Alan Marques - 2.dez.2014/Folhapress
Henrique Eduardo Alves, ex-ministro do Turismo, quando era presidente da Câmara
Henrique Eduardo Alves, ex-ministro do Turismo, quando era presidente da Câmara

A delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto, também traz citação ao agora ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Prestes a ser homologada pelo Supremo Tribunal Federal, a delação de Cleto faz menção a Henrique Alves, porém considerada sem gravidade pelos investigadores ouvidos pela Folha. A menção, segundo pessoas próximas às investigações, ocorreria em um contexto mais lateral.

Alves pediu demissão nesta quinta-feira (16) depois de ter sido acusado de receber propina pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. No início do mês, a Folha revelou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também afirmou que os repasses feitos pela OAS a Henrique Alves eram propina.

A delação de Cleto pode trazer mais um elemento contra o ex-ministro, que enfrenta pedidos de investigação no STF. A documentação está mantida sob sigilo pelo Supremo.

A Folha apurou que o principal personagem político envolvido na colaboração de Cleto é o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fiador de sua nomeação para uma vice-presidência da Caixa.

Cunha já afirmou, em entrevista à Folha, que Cleto foi indicado por Henrique Alves.

Na delação, Cleto detalha pagamentos de propina para Cunha envolvendo a liberação de recursos do fundo de investimentos do FGTS, do qual fazia parte do conselho curador. Seriam cerca de dez operações, com repasses de propina por várias empresas, incluindo em contas no exterior.

Apesar de Alves perder o foro privilegiado, o pedido de inquérito para investigar se ele foi beneficiado pela Lava Jato deve permanecer no Supremo. Isso porque Janot afirmou ao STF que há conexão dele com Cunha neste caso e, portanto, devem ser investigados em conjunto.

"Alves [...] deve ser investigado em conjunto com Eduardo Cunha uma vez que a conduta de ambos está, de tal modo, imbricada, que não seria pertinente a separação da análise fática quanto a eles. No caso em exame, a análise da eventual conduta de Cunha encontra-se evidentemente conectada à suposta atuação de Alves."

Cunha foi afastado do mandato e da presidência da Câmara, mas ainda permanece com foro. Alves, segundo aliados, temia ser investigado pelo juiz Sergio Moro.

Alves também é alvo de um pedido de Janot para ser investigado no principal inquérito da Lava Jato no Supremo, que apura se uma organização criminosa atuou nos desvios da Petrobras.


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