Folha de S. Paulo


Acusações de Machado são 'mentirosas' e 'criminosas', diz Temer

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Com receio dos impactos da delação de Sérgio Machado na governabilidade e na imagem da gestão peemedebista, o presidente interino, Michel Temer, chamou nesta quinta-feira (16) de "mentirosas" e "criminosas" as acusações feitas pelo ex-presidente da Transpetro e chegou a dizer que, se tivesse cometido o "delito irresponsável" apontado por ele, "não teria até condições de presidir o país".

Temer decidiu fazer o pronunciamento, sem direito a perguntas de jornalistas, depois de avaliar que a nota divulgada na quarta-feira (15) não havia tido o efeito esperado e era necessário fazer uma "defesa mais contundente". Na nota, ele já negava ter feito qualquer pedido de "doação ilícita" a Machado.

"Alguém que teria cometido aquele delito irresponsável que o cidadão Machado apontou não teria até condições de presidir o país", afirmou Temer em pronunciamento na manhã desta quinta-feira (16), convocado de surpresa pela sua assessoria.

Em sua fala, sem a oportunidade de perguntas da imprensa, o peemedebista ressaltou que não podia deixar passar em branco as denúncias e afirmou que nenhum "fato leviano" irá atrapalhar a atividade governamental.

"Quero registrar em alto e bom som que nada embaraçará nossa missão e desejo de fazer com que neste período que esteja à frente da Presidência da República continuemos a trabalhar em favor do Brasil e do povo brasileiro", disse.

Alan Marques/Folhapress
Brasilia, DF, Brasil 16.06.2016 Presidente Michel Temer faz pronunciamento Foto:Alan Marques/Folhapress Cod 0619
Presidente interino Michel Temer faz pronunciamento nesta quinta-feira (16)

Segundo o delator, o presidente interino pediu em 2012, na base aérea de Brasília, doação de recursos ilícitos para a campanha a prefeito de São Paulo de Gabriel Chalita. Tanto Temer como Chalita negam as acusações.

Assessores do presidente disseram à Folha que Temer quis mostrar que, ao contrário da presidente Dilma, que demorava a se manifestar sobre acusações contra ela, o peemedebista vai sempre responder imediatamente qualquer "tipo de insinuação" contra ele.

"Nossa honorabilidade está acima de qualquer função ou tarefa pública. Eu quero me dirigir ao povo brasileiro para dizer que não deixarei passar em branco essas afirmações levianas", afirmou.

SEM DEMISSÕES

Na declaração, o peemedebista também fez um balanço de um mês de sua gestão, ignorando as demissões dos ministros Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência), que criticaram em gravações a Operação Lava Jato.

A ideia inicial sugerida ao peemedebista é de que ele fizesse a apresentação em um pronunciamento em cadeia nacional de televisão e rádio na sexta-feira (17).

A proposta era que, assim, ele também se apresentasse formalmente pela primeira vez ao país como presidente interino.

Com receio de que a denúncia de Machado estimulasse panelaços, o peemedebista decidiu abandonar a ideia pelo menos por enquanto.

No balanço, ele afirmou que lançou mão de iniciativas para "tirar o país da crise profunda em que ele mergulhou".

"Nós eliminamos ministérios, cortamos 4.200 cargos de livre nomeação e mais de 10 mil cargos comissionados", afirmou.

Ele disse ainda que desenvolveu uma relação "muito fértil" com o Congresso Nacional, restabelecendo a harmonia entre Executivo e Legislativo.

"E lançamos um ajuste fiscal, uma nova meta fiscal que, como pude perceber, é o mais adequado para o momento que passa o país", disse.

Além das demissões, o peemedebista também não citou os recuos governamentais, como a recriação, por exemplo, do Ministério da Cultura, que havia sido inicialmente extinto.


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