Folha de S. Paulo


Manutenção de sigilo em delação geraria crise entre os Poderes, diz Janot

Pedro Ladeira - 26.jan.2016/Folhapress
O procurador geral da República, Rodrigo Janot, durante reunião do Conselho Nacional do Ministério Público
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a manutenção em sigilo da delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado tinha potencial de desencadear uma crise institucional entre os Poderes.

A afirmação de Janot foi dada para defender a publicidade dos depoimentos de Machado que envolveram mais de 20 políticos de seis partidos no esquema de corrupção da Petrobras, atingindo a cúpula do PMDB, em especial o presidente interino Michel Temer.

Segundo Janot, os vazamentos seletivos estavam sendo prejudiciais às investigações.

"A manutenção do sigilo da íntegra dos áudios, dos depoimentos prestados pelos colaboradores e do próprio pedido de prisão [ de integrantes da cúpula do PMDB] hoje é nocivo à efetividade das investigações e pode desencadear uma crise institucional entre os Poderes", afirmou o procurador-geral.

Para Janot, a divulgação das gravações de Machado e dos pedidos de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá (PMDB-RR), e do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) por tentativa de atrapalhar a Lava Jato - que foram negados pelo STF —tinha clara intenção de esvaziar os pedidos.

"Acrescente-se, ainda, que divulgação promovida de forma seletiva e sem o contexto correto dos fatos também tem o potencial de desencadear uma crise institucional, eis que não foram noticiados os fundamentos das providências requeridas pelo Procurador-Geral e tampouco os termos dos depoimentos prestados pelos colaboradores.

"O desconhecimento acerca dessas informações tem gerado uma série de especulações distorcidas a respeito da atuação do Procurador-Geral da República e das relações entre as Instituições direta e indiretamente envolvidas."

Janot foi alvo de duras críticas dos políticos do PMDB e de um pedido de impeachment no Senado. O procurador-geral chegou a negar publicamente que os vazamentos tenham partido do MP e mandou uma série de recados para a classe política e defendeu a atuação dos procuradores.


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