Folha de S. Paulo


Excêntrico, deputado que traiu Cunha já propôs 'dia do professor de dança'

A aprovação do parecer favorável à cassação do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) nesta terça (14) pelo Conselho de Ética teve um componente dramático a mais.

Inesperadamente, um de seus defensores mais ferrenhos, o deputado Wladimir Costa (SD-PA), que minutos antes havia discursado a favor do peemedebista, votou por sua cassação.

Com isso, o deputado perdeu de 11 a 9 votos —a deputada Tia Eron, único voto indefinido até então, também votou pela cassação do peemedebista.

Eleito para seu quarto mandato em 2014, o primeiro pelo Solidariedade –nos anteriores, de 2003 a 2013, pertencia ao PMDB– com 141 mil votos, o parlamentar é conhecido pela excentricidade –seu slogan de campanha foi "o federal do povão", e o jingle, um tecnobrega, gênero que tem como expoente máximo a banda Calypso– e por protagonizar brigas e momentos curiosos na Casa.

Na votação da abertura do impeachment de Dilma Rousseff, em 17 de abril, por exemplo, Wlad, como é conhecido, apareceu para votar enrolado na bandeira do Pará. Então, dedicou seu voto favorável ao processo a sua "mãezinha" e bradou: "quem vota sim põe a mão pra cima!", antes de estourar um lança-confete no plenário.

wlad

Já no dia 7 de junho, chamou o conterrâneo Zé Geraldo (PT-PA) de "vagabundo", "bandido" e "ladrão safado", após discussão no Conselho de Ética, quando ainda defendia Eduardo Cunha.

Em outros mandatos, o "deputado do confete" já propôs, em 2009, a criação do "Dia Nacional do Professor de Dança", e, em 2004, a realização de plebiscito sobre a anexação do Amapá ao Pará.

Recentemente, porém, não tem sido muito assíduo. Wlad, 52, faltou a 70% das 174 sessões deliberativas desde o início de 2015. A maioria das faltas foi justificada como licença médica para tratar de problemas em sua coluna. Outras 24 não têm justificativa.

Além disso, o deputado, que é também radialista e apresentador de TV, enfrenta problemas com a Justiça: foi alvo de pelo menos quatro ações por crimes contra a honra, como calúnia e difamação (não foi condenado) e é réu em uma ação que ainda corre no Supremo Tribunal Federal, com relatoria do ministro Edson Fachin, que julga sua participação em um suposto esquema de desvio de recursos públicos entre 2003 e 2005, em Belém.


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