Folha de S. Paulo


Após paralisar nomeações, Temer põe aliado de Kassab nos Correios

Na mesma semana em que prometeu paralisar designações para diretorias ou presidências de empresas estatais, o presidente interino, Michel Temer, nomeou nesta quinta-feira (9) o presidente nacional em exercício do PSD, Guilherme Campos, para a presidência dos Correios.

Em declaração à imprensa, na segunda-feira (6), o peemedebista havia garantido que não seria designado nenhum nome até que a Câmara dos Deputados aprovasse proposta que exige qualificação técnica para os cargos, inciativa que ainda não foi votada.

"Nós mandamos hoje [segunda-feira] paralisar toda e qualquer nomeação ou designação para diretoria ou presidência de estatal –de empresa estatal ou fundo de pensão– enquanto não for aprovado o projeto que está na Câmara dos Deputados", disse o presidente interino no anúncio à imprensa.

O nome do novo presidente dos Correios foi publicado na edição desta quinta-feira (9) do Diário Oficial da União. Segundo o Palácio do Planalto, contudo, o peemedebista havia assinado a decisão de nomeação no mês passado e, portanto, antes de fazer a promessa.

De acordo com o governo federal, a demora deveu-se ao excesso de publicações feitas nas últimas semanas diante da troca no comando do Palácio do Planalto.

Mesmo que a autorização tenha sido assinada antes, a nomeação para um cargo público só se efetiva com a publicação no Diário Oficial da União.

A expectativa inicial era de que o projeto, que já foi aprovado no Senado Federal, fosse votado até o final desta semana. Na quarta-feira (8), contudo, os líderes da base aliada decidiram deixá-lo para a semana que vem.

No discurso da última segunda-feira (6), o presidente interino também fez questão de ressaltar que a proposta dá preferência à nomeação de nomes que integram os quadros das próprias empresas estatais.

Aliado do ministro Gilberto Kassab (Comunicações), o novo presidente dos Correios não integra a estrutura da empresa pública.

Ele foi deputado federal por São Paulo por dois mandatos, líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados e secretário de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo de Campinas, cidade do interior de São Paulo.

Nesta quinta-feira (9), o governo federal também exonerou o secretário-executivo da Comissão de Ética da Presidência da República, Hamilton Cruz.

A demissão causou um mal-estar no colegiado federal. O presidente da estrutura, Mauro Menezes, alega que o Palácio do Planalto não consultou a estrutura presidencial sobre a decisão.

Para amenizar o mal-estar, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, chamou Mauro Menezes para uma audiência na tarde desta quinta-feira (9).


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