Folha de S. Paulo


Dilma critica governo Temer por extinguir ministérios

A presidente afastada, Dilma Rousseff, afirmou nesta terça-feira (7) que o governo interino de Michel Temer "desmantela o aparato institucional" do país ao determinar o fim de ministérios como Cultura e Desenvolvimento Agrário.

Segundo Dilma, o peemedebista anunciou também o corte nas contas públicas mas quem vai "pagar a conta" é a população, gerando um "retrocesso inimaginável".

Temer afirmou que acabaria com oito pastas em sua gestão interina, entre elas o Desenvolvimento Agrário e a Cultura, que se tornaria uma secretaria subordinada ao Ministério da Educação. Pressionado por artistas e ativistas do setor, porém, o peemedebista recuou e voltou a dar status de ministério para a Cultura, mas manteve o Desenvolvimento Agrário sob o guarda-chuva da Casa Civil.

Dilma criticou as medidas. "A lei que rege o impeachment é absolutamente arcaica. É estarrecedor que, sem nenhum voto, um governo provisório e interino assuma a condução do país e desmantele o seu aparato institucional", disse a petista durante encontro com historiadores no Palácio da Alvorada.

"Tem alguns que querem botar a conta pra cima da população. Se você fizer isso, tem nível de retrocesso inimaginável. Daí o que você faz? Aumento da receita. Se não aumentar a receita, a conta é paga pelos mais pobres", afirmou.

Dilma voltou a dizer que o impeachment contra seu mandato é um "golpe" porque não cometeu crime de responsabilidade, segundo ela prerrogativa constitucional para o andamento processo.

A presidente afastada disse ainda que, apesar do discurso de "golpe" e "luta pela democracia", sabe que só poderá retomar o mandato se conseguir 28 votos a seu favor no Senado.

"Ninguém é ingênuo para não saber que a grande briga é no Senado. Temos que ter os 28 votos no Senado, mas a briga é ganha porque os senhores senadores fazem parte da sociedade, mas é ganha por todos que acreditamos na democracia", afirmou.

POLÍTICA EXTERNA

Dilma chamou de "despreparo" a política externa desenvolvida pelo ministro das Relações Exteriores de Temer, José Serra.

Segundo ela, Serra não entendeu a "importância" de manter relações com regiões como a África e a própria América Latina. "Isso é pensar que o mundo é unilateral, só com os Estados Unidos e com a Europa. Temos que ter relações boas com Estados Unidos e Europa, mas não únicas e exclusivas", completou.


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