Folha de S. Paulo


Osmar Terra cobra da Câmara pipoca, sanduíche e compra em mercado do RS

Pedro Ladeira - 13.mai.13/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 13-05-2013. 13h40: Deputado Osmar Terra fala no seu gabinete na Camara dos Deputados sobre a Lei de Drogas. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER) ***EXCLUSIVA - ESPECIAL***
O ex-deputado e hoje ministro Osmar Terra

Saem o sorvete de tapioca e os cartões corporativos e entram a pipoca e os reembolsos da Câmara. Dessa forma, repetindo o ex-ministro do Esporte Orlando Silva, em 2008, o então deputado e agora ministro do Desenvolvimento Social (MDS), Osmar Terra, cobrou da Câmara a compra de pipoca e refrigerante comprada em cinema de Brasília.

O caso foi noticiado primeiramente pelo jornal Destak. De acordo com a publicação, R$ 26 foram cobrados da Câmara após a compra de um "combo" de pipoca mais refrigerante no cinema Kinoplex, em Brasília.

O ministro, enquanto deputado, possuía o costume de enviar notas de baixo valor para custear sua alimentação. Entre 2015 e 2016 (até virar ministro), foram feitos 32 pedidos de reembolsos com valores abaixo de R$ 50.

Em abril de 2015, Terra pediu um reembolso de uma compra no valor de R$ 7,18 no supermercado Copetti, em Santa Maria (RS).

Um ano depois, R$ 12,5 gastos em um McDonald's de Brasília também foram cobrados da Câmara.

Os deputados possuem uma cota que pode ser usada para custear suas atividades parlamentares. Os deputados do Rio Grande do Sul têm R$ 40.875,90 para gastar todos os meses.

A alimentação relacionada à sua atividade legislativa está inclusa no valor. A rubrica soma R$ 4,9 mil.

O total gasto por Terra entre 2015 e 2016 soma R$ 452 mil. A maior parte é de passagens aéreas, que somam R$ 159,8 mil.

A segunda rubrica de maior gasto é a de "divulgação de atividade parlamentar", que concentra os pagamentos à sua assessoria de comunicação.

CPI INVESTIGOU ABUSOS DOS CARTÕES

Em 2008, o Congresso abriu uma CPI mista (com deputados e senadores) para investigar abusos no uso de cartões corporativos.

A investigação foi aberta após denúncias sobre os gastos da então ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro. O escândalo fez com que ela deixasse a pasta.

O caso mais emblemático, porém, é da compra do sorvete de tapioca, de R$ 8,5, feita por Orlando Silva, então ministro do Esporte. Em uma das sessões, para ironizar o ministro, o deputado Vic Pires (DEM-PA) distribuiu sorvete de tapioca para aos integrantes da CPI.

A comissão, no entanto, em meio ao rumor da existência de um dossiê com gastos de ministros no governo de Fernando Henrique Cardoso, inocentou todos os ministros do governo Lula.

OUTRO LADO

O pedido de reembolso pela pipoca foi um engano, segundo a assessoria do MDS. "Essa nota foi entregue por engano junto com outros recibos de alimentação que periodicamente apresentava para ressarcimento, todos dentro das regras legais. Esse é um caso isolado", diz em nota.

O MDS diz que Terra deu entrada no pedido para fazer o ressarcimento por meio da Coordenação de Gestão da Cota Parlamentar.

Por outro lado, a assessoria do ministro diz que, as compras no McDonald's e no supermercado Copetti, foram pedidos de reembolsos legais devido à atividade parlamentar.


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