Folha de S. Paulo


Em reunião, Temer decide manter Osório e Alves no cargo

Pedro Ladeira - 1.jun.2016/Folhapres
O presidente interino, Michel Temer, em evento no Planalto na última quarta (1º)
O presidente interino, Michel Temer, em evento no Planalto na última quarta (1º)

O presidente interino, Michel Temer, decidiu na manhã desta segunda-feira (6) manter no cargo os ministros Henrique Eduardo Alves (Turismo) e Fábio Osório (Advocacia-Geral da União).

Em reunião no Palácio do Jaburu com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Governo), o peemedebista avaliou que ainda não há motivos suficientes para afastá-los do posto.

Ele ponderou ainda que é necessário entender a amplitude de um eventual envolvimento do ministro do Turismo na Operação Lava Jato antes de se tomar uma decisão.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, no entanto, Eliseu Padilha reconheceu que "constrangem" o governo interino as informações reveladas pela Folha de que Alves teria atuado para obter recursos desviados da Petrobras em troca de favores para a empreiteira OAS.

Em nota que será distribuída à imprensa, Alves dirá que não há fatos novos em relação a ele e disse haver "motivações políticas" na informação.

"Não poderia silenciar diante de tamanho absurdo, o que provarei quando tiver conhecimento do inteiro teor do inquérito", disse. "Sobre as relações com políticos e empresários, todas são pautadas pela ética, cordialidade, respeito recíproco e a liturgia institucional do cargo público ocupado", acrescentou.

Antonio Cícero/FramePhoto/Folhapress
O ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, palestra no 14º Fórum Panrotas - Tendências do Turismo
O ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves

AGU

Em relação a Osório, Temer se reunirá com o advogado-geral ainda nesta segunda-feira (6) para garantir sua permanência no cargo. Segundo a Folha apurou, o ministro indiciou que mudará de postura, já que seu comportamento vinha irritando o presidente interino.

A reclamação principal se deve à atitude de Osório no imbróglio envolvendo o comando da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação).

O Palácio do Planalto pretendia no mês passado publicar uma medida provisória acabando com o estatuto atual, extinguindo o conselho curador e reformulando o formato da emissora. O objetivo era evitar contestações jurídicas sobre a demissão do jornalista Ricardo Melo, afastado do cargo de diretor-presidente.

Na última quinta-feira (2), contudo, o ministro do STF Dias Toffoli deu liminar autorizando o retorno de Melo. O fato de Osório ter viajado para participar de evento em Curitiba na semana do ocorrido, em vez de ter ficado em Brasília para liderar a estratégia jurídica, desagradou a Temer.

SECRETÁRIA INVESTIGADA

Em referência a Fátima Pelaes, suspeita de integrar uma "articulação criminosa" e nomeada nova chefe da secretaria de mulheres, o presidente interino ainda não tomou uma decisão definitiva.

O peemedebista decidiu ampliar a pesquisa sobre o histórico público e judicial da presidente do PMDB Mulher antes de dar posse a ela do cargo.

Nas palavras de um assessor presidencial, com o que foi revelado até o momento, tornou-se "insustentável" a permanência dela no posto. Pelaes nega as acusações de desvio de R$ 4 milhões de suas emendas parlamentares e diz estar "tranquila de que tudo será esclarecido".

Como a indicação de Pelaes partiu de uma sugestão da bancada feminina na Câmara dos Deputados, o presidente interino pretende conversar antes com as representantes da frente parlamentar.

O peemedebista pretende tomar uma decisão no início desta semana.

Para o lugar da peemedebista, os dois nomes mais cotados pelo presidente interino são de Solange Jurema e Nancy Thame, ambas do PSDB, mesmo partido do ministro Alexandre de Moraes (Justiça).

OUTROS MINISTROS

Temer também tenta evitar novos desgastes que seriam provocados pela queda de mais nomes de seu governo interino. Em quase um mês de governo, ele já perdeu dois ministros.

O senador Romero Jucá, que chefiava o Ministério do Planejamento, foi afastado após a Folha divulgar gravações em que ele fala em pacto para deter avanço da Operação Lava Jato.

Chefe da pasta de Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira pediu demissão após ser gravado em conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), seu padrinho político.

No diálogo, ele orienta Renan a atuar nos procedimentos em que é investigado na Lava Jato.

Nos dois casos, as gravações foram feitas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que fechou acordo de delação premiada com a operação.


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