Folha de S. Paulo


Denúncia contra ministro do Turismo 'constrange' novo governo, diz Padilha

Alan Marques - 7.dez.2015/Folhapress
O ex-ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), durante entrevista sobre seu pedido de demissão do cargo
Ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, durante coletiva em dezembro

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou, nesta segunda-feira (6), que "constrangem" o governo Temer as informações reveladas pela Folha de que o novo ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, teria atuado para obter recursos desviados da Petrobras em troca de favores para a empreiteira OAS, de acordo com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

"Qualquer citação que possa ser negativa, eu não sou ingênuo, nem nossos ouvintes nem ninguém, claro que constrange", disse, em entrevista à rádio Gaúcha, de Porto Alegre, nesta manhã.

Padilha repetiu o que disse em entrevista à Folha publicada nesta segunda, que, antes da nomeação do novo ministério, Temer reuniu os candidatos e perguntou aos que foram citados na Lava Jato se avaliavam que havia "algo a mais", e que só os nomeou diante da negativa dos entrevistados.

Perguntado se a denúncia contra o titular do Turismo colocava o cargo do ministro em xeque, Padilha se esquivou: "Eu não acho nada, quem acha é o presidente Michel Temer." Ele afirmou que Temer vai decidir ainda nesta segunda se Alves continua na pasta.

Em referência a Fátima Pelaes, suspeita de integrar uma "articulação criminosa" e nomeada nova chefe da Secretaria Especial de Políticas Para Mulheres, o ministro-chefe afirmou que ela ainda não tomou posse porque o governo não concluiu uma "pesquisa" em relação a seus antecedentes.

Ele exemplificou como funciona essa pesquisa: "Eliseu Padilha vai receber um cargo importante no governo. O SNI, serviço de informação do governo, GSI [Gabinete de Segurança Institucional], Advocacia-Geral da União, CGU [atual Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle], dão uma olhada na vida da pessoa, vê se tem muitos problemas, que tipo de problema tem, se a Lava Jato já pegou, não pegou. Se tem coisas desta ordem, daí não deve tomar posse.", disse.

"Enquanto não se tem esta notícia, não se dá posse. Se surgir, tem uma condenação criminal, ainda de primeiro grau, não toma posse, por óbvio, não entra no governo. Tem processos crime por isso, por aquilo, de função pública, também não toma posse. Então, estas são as orientações do presidente", concluiu.

DENÚNCIA

Conforme revelado pela Folha, Rodrigo Janot afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o ministro do Turismo atuou para obter recursos desviados da Petrobras em troca de favores para a empreiteira OAS.

Parte do dinheiro do esquema desbaratado pela Operação Lava Jato teria abastecido a campanha de Alves ao governo do Rio Grande do Norte em 2014, quando ele acabou derrotado.

Henrique Eduardo Alves disse em nota que todas as doações recebidas em 2014 foram registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral.


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