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Ministro pede que comissionados saiam em caso de 'incompatibilidade ideológica'

Alan Marques/Folhapress
Temer dá posse ao jurista Torquato Jardim como novo ministro da Transparência, em cerimônia no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira
Temer dá posse ao jurista Torquato Jardim como novo ministro da Transparência

Em meio ao acirramento dos protestos na antiga CGU (Controladoria-Geral da União), o novo ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Jardim, afirmou em videoconferência a servidores nesta quinta-feira (2) que os ocupantes de cargos comissionados devem pedir exoneração em caso de incompatibilidade "política, filosófica e ideológica".

A mensagem foi transmitida a todas as regionais do ministério no fim da tarde desta quinta e obtida pela Folha.

Nela, Jardim pede que os ocupantes dos cargos em comissão, que ameaçam pedido coletivo de exoneração, permaneçam em seus cargos.

"Vamos nos conhecer. É claro, isso pressupõe uma compatibilidade política, filosófica, ideológica de cada qual com o governo de transição do presidente Michel Temer. Quem tiver uma incompatibilidade insuperável de qualquer tipo, qualquer circunstância, tenho certeza [que] terá a dignidade de pedir espontaneamente a sua exoneração. Caso contrário, favor permaneçam onde estão, continuem a dar o melhor de si", disse Jardim.

As afirmações foram dadas ao fim da mensagem transmitida aos servidores, na qual Jardim inclusive defendeu a constitucionalidade do governo Temer. O novo ministro diz ainda esperar "que tenhamos bons canais de comunicação".

Os servidores têm mantido intensa mobilização desde que Temer editou medida provisória que transformou a CGU em um ministério. Eles querem retomar o status anterior do órgão, com o nome antigo e vinculado diretamente à Presidência. Temem que a mudança seja para enfraquecer sua atuação.

O ministro nomeado inicialmente por Temer para o cargo, Fabiano Silveira, deixou o posto na segunda-feira (30) após revelações de conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado na qual Silveira dá orientações a investigados na Lava Jato. Torquato Jardim, ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), foi nomeado para seu lugar.

Procurado via assessoria, o ministro informou que não comentaria as declarações.


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