Folha de S. Paulo


Com medo de recuos, governo quer impeachment o 'mais breve possível'

Com receio de recuos de última hora na votação final do impeachment no Senado Federal, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, reconheceu nesta quinta-feira (2) que o governo interino tem o interesse que a análise sobre o eventual afastamento definitivo de Dilma Rousseff ocorra "o mais breve possível".

O ministro considerou que a avaliação pela celeridade do processo é a mesma feita tanto pela sociedade brasileira como pela administração afastada, mas ponderou que a votação final deve obedecer as regras fixadas pela Suprema Corte.

"Para o governo de Michel Temer, interessa ser o mais breve possível, obedecendo as regras fixadas pelo Supremo Tribunal Federal, cujo presidente preside o julgamento até a decisão final", disse.

Nesta quinta-feira, a comissão especial do impeachment reduziu os prazos do processo e abriu a possibilidade da análise final ocorrer já no mês que vem.

Em entrevista à imprensa, o ministro admitiu ainda que há "muita preocupação" na gestão federal com acenos de recuos por parte de senadores que votaram pelo afastamento da petista na primeira votação do impeachment.

Ele observou, contudo, que só é possível prever como será o placar final um dia antes da votação.

"Preocupa o governo e há muita preocupação, mas esse é um placar que só vamos conhecer 24 horas antes da votação. Há muitas variáveis que ainda estão sendo consideradas, mas a premissa maior é a vontade da população brasileira", disse.

O ministro reconheceu que o governo interino não esperava que ocorressem mudanças de posição, mas ressaltou que, diferente de alguns senadores, a população brasileira não mudou de opinião sobre o impeachment de Dilma Rousseff.

"O governo tem de fazer a sua parte. Nós estamos tendo a felicidade de contar com a base aliada do Congresso Nacional e estamos procurando sintonizar a administração com a aspiração da sociedade", disse. "E não tenho dúvidas que não houve mudanças na posição da sociedade", acrescentou.

RECUOS

Com as turbulências do governo interino de Michel Temer, senadores como Cristovam Buarque (PPS-DF), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Romário (PSB-RJ) admitem que podem mudar de posição.

Em reação, Temer tem pedido ao Congresso Nacional que aumentem a defesa contra o discurso dos partidos de oposição de que o impeachment não é um golpe e tem se reunido com parlamentares que podem mudar a posição dos senadores agora indecisos.

Nesta semana, por exemplo, ele se reuniu com o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, e com o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).

Em outra frente, o peemedebista também decidiu partir para um confronto direto com a petista, na tentativa de enfraquecer seu discurso contrário ao governo interino.

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