Folha de S. Paulo


Adversários tentam cassar presidente do Conselho, que vê ação de Cunha

Pedro Ladeira/Folhapress
Marcos Rogério (dir.) entrega relatório contra Cunha ao presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo
Marcos Rogério (dir.) entrega relatório contra Cunha ao chefe do Conselho de Ética, José Carlos Araújo

No mesmo dia em que recebeu o relatório que pede a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente do Conselho de Ética da Câmara, José Carlos Araújo (PR-BA), foi notificado sobre cinco representações assinadas por adversários políticos da Bahia que pedem a sua cassação.

Araújo chamou a imprensa para presenciar a notificação e acusou o presidente afastado da Câmara de estar por trás de todas essas ações.

"O deputado Eduardo Cunha está afastado, mas tudo leva a crer, e a gente crê piamente nisso, que ele continua manejando os seus tentáculos nessa Casa", discursou Araújo, enquanto assinava as notificações.

As representações foram apresentadas na Corregedoria da Câmara. Araújo tem prazo de cinco dias para apresentar sua defesa. Após isso, a corregedoria levará as acusações para a Mesa da Câmara, composta em sua maioria por aliados de Cunha, que avaliará se é ou não o caso de mandá-las para o Conselho de Ética.

Se isso acontecer, Araújo, que é voto certo contra Cunha, será afastado do colegiado.

Desde que o conselho aprovou por margem mínima dar continuidade à investigação em março, por 11 votos a 10, partidos aliados a Cunha tem promovido troca de cadeiras no Conselho e tentam afastar Araújo. Hoje eles dizem já ter maioria para aprovar uma punição mais branda a Cunha.

VOTOS

Uma das representações contra Araújo é assinada pelo por um vereador de Morro do Chapéu (BA) que acusa o presidente do Conselho de compra de votos na eleição de 2014. João Humberto Batista apresentou uma gravação em que Araújo relata uma negociação de votos com um deputado estadual, conforme revelou a coluna Painel.

"O cara tá querendo 100, mas dá pra gente regular. Regulamos, o cara fez por 75, três de 25. Fizemos o negócio e pagou o cara", diz Araújo na gravação obtida pela coluna.

O deputado afirma que falava sobre "pagamento pelo serviço, não pelos votos" e que tanto essa como as outras representações dizem respeito a retaliação de adversários, com o dedo de Cunha e de aliados.

Outra representação afirma que ele esconde no nome do motorista a propriedade de uma fazenda de R$ 1,5 milhão. Araújo afirmou que a fazenda custou R$ 40 mil, que é do motorista que trabalha para ele há 18 anos, a quem ele ajudou a comprar a terra emprestando cerca de R$ 20 mil.


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