Folha de S. Paulo


Sogra de Temer pede saída de manifestantes da porta de casa em SP

Fabio Braga/Folhapress
Manifestação na região da casa de Michel Temer, na zona oeste de SP
Manifestação na região da casa de Michel Temer, na zona oeste de SP

A mãe da primeira-dama interina Marcela Temer, Norma Tedeschi, saiu na sacada da casa de Michel Temer para pedir que manifestantes deixassem a rua onde mora o presidente interino.

Um grupo de cerca de 50 moradores do bairro de Alto de Pinheiros, na zona oeste de SP, faz uma serenata em frente à casa do peemedebista. O evento, divulgado pelo Facebook, foi chamado de "Serenata dos vizinhos contra o golpe!".

De acordo com a descrição, a organização do ato é de um grupo de moradores "com a ideia de mostrar que no bairro também tem gente contra Temer e contra o golpe".

Da sacada, Norma pediu que os manifestantes interrompessem a cantoria para que ela pudesse falar. O grupo, em silêncio, ouviu o que ela tinha a dizer.

A sogra de Temer disse que o neto, Michelzinho, 7, está doente, com febre e que, por causa do protesto, ela não poderia sair de casa para comprar remédios. Pediu que o grupo fosse embora. Um dos manifestantes respondeu dizendo que na periferia tinha um monte de criança doente. Norma fechou a janela e o protesto continuou.

O grupo, que se intitula vizinho do presidente interino, carrega cartazes com os dizeres "O golpe mora ao lado", "Michel é Cunha" e "Todo apoio ao Povo Sem Medo". Gritam também "O povo não é pato, o Michel Temer também está na Lava Jato".

Fabio Braga/Folhapress
Serenata contra Michel Temer em frente à casa do presidente interino em SP
Serenata contra Michel Temer em frente à casa do presidente interino em SP

Com violão, sax e pandeiro, o grupo fez uma versão de "Carinhoso" para protestar contra Temer.

"Meu coração/ Não sei por que/ Tem um infarto quando te vê", cantam.

VÉSPERA

Ainda segundo os organizadores, a ideia inicial era fazer uma serenata na porta da casa de Temer, mas depois o ato também foi chamado para mostrar "total apoio aos movimentos sociais que foram expulsos de forma violenta" pela PM.

Na madrugada desta segunda, após pouco mais de quatro horas, cerca de 150 pessoas que se mantinham acampadas em uma praça próxima à residência do presidente interino foram tiradas do local pela Polícia Militar.

Por volta das 23h45, pouco mais de uma hora após ordenarem a saída dos manifestantes, os policiais militares começaram a dispersar o acampamento com bombas de efeito moral, bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água.

Remanescentes de um protesto contra a gestão interina de Temer que reuniu 5.000 pessoas, segundo estimativa da PM, os manifestantes haviam erguido barracas e desembarcado colchões para criar um acampamento no local.

Para Guilherme Boulos, um dos líderes da Frente e um dos coordenadores nacionais do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), 30 mil pessoas participaram da passeata.

OUTROS PROTESTOS

Também na noite desta segunda, manifestantes fecharam a avenida Paulista para o quarto ato contra o governo. O grupo se concentrou no vão-livre do Masp e seguia pela rua Augusta até a praça Roosevelt.

O ato foi motivado pelo vazamento da gravação de diálogos entre Romero Jucá, ministro do Planejamento de Temer, e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro investigado na Lava Jato. O caso revelado pela Folha levou Jucá a se licenciar do cargo.

Em Duartina (SP), uma fazenda que tem como dono um amigo de Temer foi invadida pela segunda vez neste mês.

Após ficar uma semana ocupada por cerca de mil famílias ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), agora a invasão foi feita pela FNL (Frente Nacional de Lutas), segundo a Polícia Militar. O local ainda preserva pichações da ação anterior.

Os invasores alegam que a propriedade rural, de 1.500 hectares, tem como verdadeiro dono o presidente interino. Temer nega ser dono do imóvel.


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