Folha de S. Paulo


PM dispersa acampamento perto de casa de Temer com água e bombas

Após pouco mais de quatro horas acampadas, as cerca de 150 pessoas que se mantinham acampadas em uma praça próxima à residência do presidente interino, Michel Temer (PMDB), foram tiradas do local pela Polícia Militar.

Por volta das 23h45, pouco mais de uma hora após ordenarem a saída dos manifestantes, os policiais militares começaram a dispersar o acampamento com bombas de efeito moral, bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água.

A fotógrafa da Folha Marlene Bergamo foi atingida pelo jato d'água da PM e por um estilhaço de bomba de efeito moral na perna.

Os manifestantes se recusaram a sair das redondezas da casa de Temer, no bairro de Alto de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, e ensaiaram resistir sentados sobre colchões. Após a ação da PM, no entanto, os manifestantes deixaram o local.

Remanescentes de um protesto contra a gestão interina de Temer que reuniu 5.000 pessoas, segundo estimativa da PM, os manifestantes haviam erguido barracas e desembarcado colchões para criar um acampamento no local. Para Guilherme Boulos, um dos líderes da Frente e um dos coordenadores nacionais do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), 30 mil pessoas participaram da passeata.

Organizado pela Frente Povo Sem Medo, que reúne entidades ligadas a movimentos de esquerda, o ato começou no largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, às 15h40, e partiu em passeata rumo à casa de Temer, em Alto de Pinheiros.

A marcha teve de parar, contudo, no cruzamento das ruas Banibas e Capepuxis, a cerca de 300 metros da residência, em razão de ao menos quatro bloqueios realizados pela Polícia Militar. A segurança na rua onde mora o presidente interino também foi reforçada com dois caminhões do Batalhão de Choque.

Após o ultimato policial, Boulos negociou com a PM a transferência do acampamento para outra praça, mais distante.

A polícia, porém, alegou que o destino sugerido estava dentro do perímetro de uma área de segurança nacional criada neste domingo (22) ao redor da casa de Michel Temer.

"Se eles pensam que vão parar a luta eles não estão entendendo o que está acontecendo no país. E nos próximos dias vai ter uma resposta a essa ação do dia de hoje", disse Boulos.

'GASOLINA NO FOGO'

Durante o protesto, Boulos disse que os manifestantes não pretendiam sair do local. "A rua do Sr. Michel Temer está sitiada pelo povo brasileiro. Daqui a gente não arreda pé", afirmou.

Segundo ele, a marcha era manifestação popular contra as medidas de austeridade anunciadas pela equipe do governo interino que assumiu após o afastamento de Dilma Rousseff (PT) pelo Senado, durante 180 dias, no último dia 12/5.

"Esse ato é resposta aos cortes não só anunciados, mas feitos, em moradias contratadas do Minha Casa Minha Vida", afirmou Boulos. Ele completou: "Acabar com política social que representa a esperança das pessoas de terem moradia é jogar gasolina no fogo".

O ato terminou por volta das 18h40, quando as lideranças do ato se reuniram e decidiram convocar os manifestantes a acamparem no local. "Não tem arrego, ou sai o Temer ou não vai ter sossego", gritam.

Concentrados a cerca de 300 metros da praça onde fica a casa do presidente interino, os manifestantes gritavam palavras de ordem, mas não houve incidentes ou confusão antes do ultimato da polícia no fim da noite.

"Pisa ligeiro, quem não pode com a formiga não atiça o formigueiro" e "Não tem arrego, ou sai o Temer ou não vai ter sossego", gritavam.

Marlene Bergamo/Folhapres
Concentração no largo da Batata, na zona oeste de SP, antes de protesto até a casa de Temer
Concentração no largo da Batata, na zona oeste de SP, antes de protesto até a casa de Temer

Endereço da página:

Links no texto: