Folha de S. Paulo


Protesto próximo à casa de Temer, em São Paulo, termina com acampamento

Um grupo de manifestantes contra o governo do presidente interino, Michel Temer, realizou um protesto neste domingo (22) nos arredores da casa do peemedebista, na zona oeste de São Paulo. Ao fim do ato, boa parte dos participantes iniciou um acampamento em uma praça próxima da residência.

O protesto saiu do largo da Batata, na mesma região, às 15h40. Cerca de 5.000 pessoas participaram, segundo estimativa de policiais militares no local. Os organizadores calcularam haver 30 mil pessoas.

A manifestação foi organizada pela Frente Povo Sem Medo, que reúne entidades ligadas a movimentos de esquerda. O grupo planejava chegar até a casa de Temer, no bairro de Alto de Pinheiros, mas teve de parar no cruzamento das ruas Banibas e Capepuxis em razão dos bloqueios realizados pela Polícia Militar. A segurança na rua onde mora o presidente interino também foi reforçada com dois caminhões do Batalhão de Choque.

Apesar do bloqueio, Guilherme Boulos, um dos líderes da frente, disse que os manifestantes não pretendiam sair. "A rua do Sr. Michel Temer está sitiada pelo povo brasileiro. Daqui a gente não arreda pé", afirmou.

O ato terminou por volta das 18h40, quando as lideranças do ato se reuniram e decidiram convocar os manifestantes a acamparem no local. "Não tem arrego, ou sai o Temer ou não vai ter sossego", gritam. Concentrados a cerca de 200 metros da praça onde fica a casa do presidente interino, os manifestantes gritam palavras de ordem, mas não há confusão. "Pisa ligeiro, quem não pode com a formiga não atiça o formigueiro", gritam.

Segundo a organização, várias ruas de acesso à residência de Temer estão tomadas pelos manifestantes. A reportagem da Folha presenciou manifestantes em ao menos duas vias de acesso.

Marlene Bergamo/Folhapres
Concentração no largo da Batata, na zona oeste de SP, antes de protesto até a casa de Temer
Concentração no largo da Batata, na zona oeste de SP, antes de protesto até a casa de Temer

No carro de som, Boulos afirmou que o governo de Temer é ilegítimo. "No momento, temos um duplo golpe, com um presidente que não foi eleito por ninguém querendo aplicar um programa que também não foi escolhido por ninguém."

Ele e o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) negociavam com a PM para passar pelo bloqueio e se aproximar mais da residência do peemedebista. O vereador Nabil Bonduki (PT) também participou do protesto.

"O bairro da elite vai virar quebrada" e "vamos fazer baile de favela no Alto de Pinheiros" foram alguns dos motes de um orador sobre o carro de som.

Ao longo da passeata, vários muros do bairro foram pichados com os dizeres "Fora, Temer" e "Golpista"

O presidente, porém, já estava em Brasília quando o ato começou —ele deixou sua casa por volta das 14h30.

BLOQUEIO

De acordo com os policiais, os bloqueios criaram uma área de segurança nacional. Cada uma das quatro barreiras está localizada a cerca de 300 metros da casa de Temer e somente moradores do local podem passar, após checagem da polícia.

Alguns moradores da região reclamaram do bloqueio, pois não puderam acessar a praça Norma G. Arruda. A área, que fica em frente à residência do presidente interino, tem pista para caminhadas e brinquedos.

"Não pode bloquear a praça, assim começou mal o governo", disse o engenheiro Luiz Guerreiro ao ser barrado.

Eduardo Sodré/Folhapress
Polícia dá orientações a moradores da região no bloqueio em Alto de Pinheiros, praça Norma G. Arruda
Polícia dá orientações a moradores da região no bloqueio em Alto de Pinheiros, praça Norma G. Arruda

Um outro pedestre, que não quis se identificar, chegou a ensaiar um discurso sobre o direito de ir e vir, mas os PMs não autorizaram a sua passagem pela praça.

Os policiais explicaram aos moradores que o reforço na segurança se deve à manifestação e que não há previsão de término do bloqueio. Também não há informações de novas interdições, que, segundo a polícia, serão definidas caso a caso.

A assessoria de imprensa do presidente informou que foi feito um comunicado por meio de carta à associação de moradores de Alto de Pinheiros, avisando dos bloqueios deste domingo em razão do protesto.

O local virou ponto de vários atos contra o presidente interino nas últimas semanas.

Marlene Bergamo/Folhapress
Passeata contra o governo Temer segue pelas ruas da zona oeste de SP em direção à casa do presidente interino, neste domingo (22)
Passeata contra o governo Temer segue pelas ruas da zona oeste de SP em direção à casa do presidente interino, neste domingo (22)

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