Folha de S. Paulo


Polícia bloqueia acesso à casa de Temer em SP para evitar protesto

A Polícia Militar fechou neste domingo (22) todos os acessos à casa do presidente em exercício, Michel Temer, em alto de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.

O bloqueio é para evitar a chegada de manifestantes no local. Um ato organizado pela Frente Povo Sem Medo, saiu do largo da Batata às 15h40 e segue em passeata até a residência do presidente em exercício.

De acordo com a PM, os bloqueios criaram uma área de segurança nacional. Cada uma das quatro barreiras está localizada a cerca de 300 metros da casa de Temer e somente moradores do local podem passar, após checagem da polícia.

O engenheiro Pedro Ronca, 37, tentou chegar de bicicleta à praça Norma G. Arruda, próxima ao local, com seus filhos de 1 e 4 anos, mas não foi autorizado a passar pelo bloqueio da PM. Ele é morador de uma rua próxima à casa de Temer.

"Trouxe meus filhos para brincar na praça, não sabia da interdição. É esquisito, agora deve ficar assim todo fim de semana", disse o engenheiro.

Eduardo Sodré/Folhapress
O engenheiro Pedro Ronca, 37, tentou chegar de bicicleta à praça Norma G. Arruda com seus filhos de 1 e 4 anos, mas não foi autorizado a passar pelo bloqueio da PM. Ele é morador de uma rua rua próxima à casa de Michel Temer.
O engenheiro Pedro Ronca, 37, tentou chegar de bicicleta à praça Norma G. Arruda com seus filhos

"Não pode bloquear a praça, assim começou mal o governo", disse o também engenheiro engenheiro Luiz Guerreiro ao ser barrado.

Um outro pedestre, que não quis se identificar, chegou a ensaiar um discurso sobre o direito de ir e vir, mas os PMs não autorizaram a sua passagem pela praça.

Os policiais explicam aos moradores que o reforço na segurança se deve à manifestação e que não há previsão de término do bloqueio.

Também não há informações de novas interdições, que, segundo a polícia, serão definidas caso a caso.

A assessoria de imprensa do presidente informou que foi feito um comunicado por meio de carta à associação de moradores de Alto de Pinheiros, avisando dos bloqueios deste domingo em razão do protesto.

O local virou ponto de vários atos contra o presidente interino nas últimas semanas.

VIRADA

Protestos contra o governo do presidente interino também deram o tom à Virada Cultural, realizada neste fim de semana em São Paulo.

O público reunido na praça Júlio Prestes para um show do Ney Matogrosso neste sábado (21) puxou um sonoro coro de "Fora, Temer". Durante entrada ao vivo de repórter da Globo no "SPTV", parte do público da Virada Cultural levantou cartazes com "Temer jamais!"

A apresentação da Parada Antropofágica, comandada pelo diretor do Teatro Oficina, Zé Celso, também não escapou, e viu frases contra o governo Temer e a imprensa -"Jamais Temer!" e "Mídia omite, o povo grita- serem projetadas nos prédios em torno do trio elétrico dos blocos Tarado Ni Você e Pau Brasil.

SÉRIE DE ATOS

Somente na última semana, Temer foi alvo de três manifestações contrárias ao seu governo em São Paulo.

No primeiro ato, no domingo passado (15), os manifestantes saíram da avenida Paulista, no centro de São Paulo, desceram a Consolação até a praça Roosevelt, na região central, e depois retornaram à Paulista. Na volta, entraram em confronto com pessoas acampadas em frente à Fiesp, favoráveis ao impeachment. Havia cerca de 10 mil pessoas no local, segundo os organizadores. A Polícia Militar não fez projeções.

Na terça (17), o segundo protesto ocorreu sem transtornos. Os manifestantes caminharam até a Funarte, ocupada por artistas que protestam contra o fechamento do Ministério da Cultura. O público foi de 8.000 pessoas de acordo com a organização. A PM também não divulgou estimativas.

O mais recente, na sexta-feira (20), levou manifestantes a bloquearem o trânsito da avenida Paulista. Mil pessoas compareceram, de acordo com os organizadores. A PM não divulgou estimativa. O protesto foi convocado por movimentos sociais de esquerda e entidades organizadas, como a UJS (União da Juventude Socialista), a UBM (União Brasileira de Mulheres) e Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas).

Fabio Braga-20.mai.2016/Folhapress
Protesto contra o presidente interino na avenida Paulista, nesta sexta (20)
Protesto contra o presidente interino na avenida Paulista, nesta sexta (20)

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