Folha de S. Paulo


Manifestantes fazem novo protesto contra Temer na avenida Paulista

Pela terceira vez nesta semana, manifestantes bloquearam o trânsito da avenida Paulista, em São Paulo, em protesto contra o governo do presidente interino Michel Temer. Mil pessoas compareceram, de acordo com os organizadores. A PM não divulgou estimativa.

O protesto foi convocado por movimentos sociais de esquerda e entidades organizadas, como a UJS (União da Juventude Socialista), a UBM (União Brasileira de Mulheres) e Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas).

Por volta das 18h desta sexta-feira (20), o grupo bloqueou o trânsito de carros na avenida, sentido Consolação. Na sequência, desceu pela rua Augusta, e chegou a ocupar os dois sentidos da via. Chegou à praça Roosevelt às 19h35 e, 15 minutos depois, encerrou o protesto. Eles prometem não sair das ruas até derrubar o governo Temer.

Quando passavam em frente ao Parque Augusta, já próximo do destino final, os manifestantes acenderam velas "em luto pela democracia". "Estamos em luto, mas nosso luto é luta", diz Maria das Neves, da UBM.

Fabio Braga/Folhapress
Sao Paulo, SP, Brasil, 20/05/2016: protesto manifestação contra o presidente interino Michel Temer na avenida Paulista. Foto: Fabio Braga/Folhapress
Manifestantes seguram cartaz com ilustração de Dilma e os dizeres "volta, querida"

A concentração estava marcada para as 17h no vão do Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand). Contudo, um evento da Adidas já estava marcado para o local, de modo que o acesso à parte livre sob o museu foi bloqueado por grades. Aos manifestantes, coube a calçada e, depois, o asfalto.

A presidente da UNE, Carina Vitral, considera "sintomático" que o governo não tenha mulheres no primeiro escalão, "porque as mulheres estavam à frente da luta contra o golpe".

"O mais grave de tudo é o presidente ilegítimo implementar um programa que foi rejeitado nas urnas, de cortes na educação, de menos direitos", afirma.

Segundo Gabrielli Andrade, 16, o novo governo já anuncia retrocessos, na visão dela, ao sinalizar cortes de programas sociais, como o cancelamento da construção de 11.250 unidades do Minha Casa Minha Vida.

"O impeachment é um golpe que vai nos trazer uma série de retrocessos", afirma ela, membro da Upes (União Paulista dos Estudantes), e que ocupou a Assembleia Legislativa de SP contra a "Máfia da Merenda".

Fabio Braga/Folhapress
Sao Paulo, SP, Brasil, 20/05/2016: protesto manifestação contra o presidente interino Michel Temer na avenida Paulista. Foto: Fabio Braga/Folhapress
Em ato na paulista, manifestantes seguram cartaz com os dizeres "volta, Dilma"

"O governo vem pelo clamor de acabar com a corrupção, mas coloca corruptos nos ministérios", diz o estudante Fernando Polacchini, 17.

Os manifestantes chamam Temer de "traidor", cantam músicas contra o "golpe" e carregam faixas com o rosto da presidente afastada Dilma Rousseff.

O estudante Kevin Schwarz, 20, diz não saber se o impeachment foi um "golpe", porque está previsto em lei, mas afirma que foi "antiético e imoral" por parte do vice-presidente.

Já Victor Petricelli, 20, afirma que a ascensão de Temer é "ilegítima é uma completa sacanagem". "As medidas que ele tomou vão totalmente contra o que ele assumiu ao aceitar compor uma chapa com Dilma", diz.

No primeiro ato, no último domingo (15), os manifestantes saíram da avenida, desceram a Consolação até a praça Roosevelt, na região central, e depois retornaram à Paulista. Na volta, entraram em confronto com pessoas acampadas em frente à Fiesp, favoráveis ao impeachment. Havia cerca de 10 mil pessoas no local, segundo os organizadores. A Polícia Militar não fez projeções.

Na terça (17), o segundo protesto ocorreu sem transtornos. Os manifestantes caminharam até a Funarte, ocupada por artistas que protestam contra o fechamento do Ministério da Cultura. O público foi de 8.000 pessoas de acordo com a organização. A PM também não divulgou estimativas.

Assista


Endereço da página:

Links no texto: