Folha de S. Paulo


Renan rebate Eduardo Cunha e diz que deputado afastado tem 'obsessão'

Adriano Machado/Reuters
O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros
O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, conversa Renan Calheiros, presidente do Senado

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), rebateu nesta quinta-feira (19) a declaração do deputado afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que afirmou ser estranha a celeridade dada a investigações contra ele quando existe uma denúncia contra Renan "há três anos sem ser apreciada pelo pleno [do Supremo Tribunal Federal]".

Em nota, o presidente do Senado afirmou que as acusações de Cunha contra ele "não encontra razões jurídicas ou políticas". "Repilo a obsessão do deputado Eduardo Cunha com meu nome", disse.

Renan é alvo de 11 inquéritos no STF, sendo nove deles decorrentes da Operação Lava Jato, em que é investigado por lavagem de dinheiro e corrupção.

Cunha conselho de ética

Afastado do mandato há duas semanas, Cunha presta depoimento no Conselho de Ética da Câmara nesta quinta. O colegiado analisa um processo por quebra de decoro parlamentar contra o ex-presidente da Casa que pode levar à cassação do seu mandato.

Na sessão, Cunha disse ser muito "estranho a celeridade e a seletividade" das investigações contra ele. Ele foi afastado do cargo por decisão do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato.

Cunha fez menção ao caso em que Renan é investigado por ter usado dinheiro de uma empreiteira para pagar a pensão a uma filha que teve fora do casamento. O escândalo, divulgado em 2007, foi um dos fatores que levou Renan a renunciar à presidência do Senado na época.

"Em relação às falsas imputações de 2007, reitero que fui o próprio solicitante da apuração, para qual entreguei, voluntariamente, todos os documentos e sigilos. Demonstrei que todos os meus recursos têm origem identificada e lícita. A própria perícia atestou a autenticidade material dos documentos e nada afirmou quanto à questão ideológica".

O peemedebista disse ainda que é "o maior interessado na elucidação dos fatos".

Na semana passada, o ministro Luiz Edson Fachin afirmou que pretende liberar "em breve" para julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra Renan no caso da pensão.

Se a acusação for acolhida pelo plenário do Supremo, Renan passa a ser réu, respondendo pelos crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso.

Após o relator finalizar seu voto, cabe ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski, marcar a data da sessão que vai discutir o recebimento da denúncia.

*

Leia a íntegra da nota:

Repilo a obsessão do deputado Eduardo Cunha com meu nome. Ela não encontra razões jurídicas ou políticas.

Todas as citações que me envolvem são calçadas em "ouvi dizer" ou avaliações subjetivas. Em relação às falsas imputações de 2007, reitero que fui o próprio solicitante da apuração, para qual entreguei, voluntariamente, todos os documentos e sigilos. Demonstrei que todos os meus recursos têm origem identificada e lícita. A própria perícia atestou a autenticidade material dos documentos e nada afirmou quanto à questão ideológica.

Sou, portanto, o maior interessado na elucidação dos fatos. Estou e estarei disponível, como sempre estive, para prestar quaisquer esclarecimentos, já que minhas relações com empresas públicas e privadas nunca ultrapassaram os limites institucionais.

Senador Renan Calheiros (PMDB-AL)
Brasília, 19 de maio de 2016


Endereço da página:

Links no texto: