Folha de S. Paulo


PSDB Mulher critica ministério de Temer apenas com homens

Thiago Bernardes/FramePhoto/Folhapress
Ministros Eliseu Padilha, Romero Jucá e Ricardo Barros durante coletiva no Planalto após 1ª reunião com o presidente interino Michel Temer
Ministros Eliseu Padilha, Romero Jucá e Ricardo Barros durante coletiva no Planalto

Ala de um dos partidos que integram o novo governo de Michel Temer, o PSDB Mulher criticou nesta sexta-feira (13) a falta de representatividade feminina no ministério montado pelo peemedebista.

Em nota, o grupo diz que a "ausência de mulheres" pode ser entendida como "um retrocesso" e pede que o peemedebista seja "justo" com as mulheres que foram às ruas por dois anos, "para chegar onde estamos".

"Senhor Presidente, chegamos ao final de uma luta que durou 13 anos, quatro meses e 12 dias. Durante todo este tempo combatemos o bom combate, nos preparamos e merecemos participar deste momento de virada. O governo de Vossa Excelência nasce sob a proteção das mulheres, seja justo com elas", diz o texto.

As mulheres, no entanto, culpam a omissão dos partidos que integram o novo governo pela falta de indicações de quadros femininos para compor a Esplanada dos Ministérios.

"Sabemos que tal decisão decorreu também da falta de indicações de nomes femininos por parte dos partidos, não sendo, portanto, algo de sua responsabilidade exclusiva", dizem.

Na nota, o PSDB Mulher lembra ainda que o primeiro dia de governo Temer acontece na data em que se comemora a "libertação dos escravos no Brasil". "Para nós, mulheres, é dia de luta. Afinal, 128 anos depois, ainda há uma enorme discriminação contra a mulher, sobretudo a mulher negra, a mais violentada, a mais agredida e a mais discriminada no mercado de trabalho", diz o texto.

Apesar das críticas, o partido deseja "sucesso" a Temer e diz que seu governo nasce "sob a proteção das mulheres".

Nesta sexta, o novo chefe da Casa civil, Eliseu Padilha, afirmou que o governo se esforçará para nomear mulheres para postos nas secretarias especiais que foram fundidas a ministérios.

O ministro ressaltou ainda que quem vai comandar a chefia de gabinete de Temer é "uma mulher", Nara de Jesus. Padilha também tentou minimizar as críticas. Ele disse que a composição do governo foi desenhada em parceria com partidos políticos e sugeriu que foram as siglas que não indicaram mulheres para ministérios.

ANISTIA INTERNACIONAL

A Anistia Internacional também divulgou nota em que critica a falta de nomeações de mulheres para o primeiro escalão do governo e afirma que a crise política atual coloca em risco a agenda de direitos humanos.

"A falta de diversidade na composição do ministério, que não tem nenhuma integrante mulher ou afrodescendente, e a extinção do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e Direitos Humanos, anunciada pelo governo do Vice Presidente, são mais um indício dos riscos de fragilização do marco institucional responsável pela garantia dos direitos humanos", diz a nota.

A entidade exige ainda que as autoridades brasileiras reafirmem seu compromisso com os direitos humanos e cumpram com suas obrigações "adquiridas em virtude dos tratados de direitos humanos dos quais o Brasil faz parte".

"A Anistia Internacional já vinha expressando sua preocupação com os riscos de graves retrocessos na agenda de direitos humanos presentes particularmente na agenda legislativa, em especial aqueles que afetam mais diretamente os grupos historicamente marginalizados, incluindo as mulheres, afrodescendentes, povos indígenas e comunidade tradicionais", diz o texto.

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Veja a íntegra da nota do PSDB:

Hoje, seu primeiro dia de governo, é 13 de maio, data em que se comemora a "libertação" dos escravos no Brasil, revestida de simbolismo, que acontece em um momento em que o país muda de rumo, e se renovam as esperanças de tempos melhores.

Para nós, mulheres, é dia de luta. Afinal, 128 anos depois, ainda há uma enorme discriminação contra a mulher, sobretudo a mulher negra, a mais violentada, a mais agredida e a mais discriminada no mercado de trabalho.

Dito isso, não podemos entender, Senhor Presidente, a ausência de mulheres na formação do ministério de Vossa Excelência, o que pode ser entendido como um retrocesso.

Sabemos que tal decisão decorreu também da falta de indicações de nomes femininos por parte dos partidos, não sendo, portanto, algo de sua responsabilidade exclusiva.

Esperamos que na composição das equipes ministeriais as mulheres tenham o lugar que lhes foi negado na principal, assim como que as políticas públicas adotadas em relação a elas façam a diferença no governo que se inicia.

É o que esperam e reivindicam as tucanas de todo o Brasil.

Administrar o país nas atuais circunstâncias é uma tarefa árdua e como brasileiras, torcemos pelo seu sucesso, que também será nosso, mulheres, que fomos às ruas durante dois anos, para chegar onde estamos.

Senhor Presidente, chegamos ao final de uma luta que durou 13 anos, quatro meses e 12 dias. Durante todo este tempo combatemos o bom combate, nos preparamos e merecemos participar deste momento de virada. O governo de Vossa Excelência nasce sob a proteção das mulheres, seja justo com elas.

Secretariado Nacional da Mulher/PSDB


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