Folha de S. Paulo


Manifestantes contrários ao impeachment fecham avenida Paulista

Membros do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e manifestantes contrários ao processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff fecharam na noite desta quinta-feira (12) os dois sentidos da avenida Paulista, em São Paulo.

Com carro de som, fogos de artifício, bandeiras e faixas, os manifestantes criticaram o presidente empossado nesta quinta (12), Michel Temer. Outro alvo foi o novo ministro da Justiça, Alexandre de Morais, criticado por "mortes cometidas por policiais".

O escritório da presidência, próximo à avenida Consolação, foi pichado por manifestantes.

Diante de um grupo, uma faixa dizia: "Temer jamais. Em defesa dos direitos"

"Esse ato tem como objetivo dar uma resposta ao golpe que se deu neste dia no Brasil", disse o coordenador do MTST, Guilherme Boulos.

Boulos criticou ainda congressistas que autorizaram o processo de impeachment e principalmente o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha.

Boulos criticou também a formação do novo ministério de Temer.

"Nós não reconhecemos o governo que se estabeleceu hoje no Brasil como legítimo. Não reconhecemos o senhor Michel Temer como presidente da República", disse Boulos.

Os manifestantes iniciaram o ato no Masp. Depois, caminharam até próximo a sede da Fiesp, também na avenida Paulista, onde se depararam com o cordão de isolamento da Polícia Militar.

Policiais montaram um forte aparato militar diante do prédio para evitar confronto com militantes favoráveis ao impeachment de Dilma. No local, manifestantes queimaram uma réplica do pato símbolo da campanha contra o governo Dilma.

O segurança Amilton Santiago, 43, saiu do trabalho, na avenida Faria Lima, quando soube da manifestação na Avenida Paulista. "Resolvi vir porque o pobre tá sofrendo, mas vai sofrer ainda mais. Com isso aí, só os grandes vão se favorecer", diz o morador do Capão Redondo.

A arquiteta Camila Lisboa, 38, soube da manifestação pelo Facebook e foi para a paulista depois de sair de seu escritório. "Eu vim para ser mais um. Para fazer volume e mostrar que não há um consenso sobre a situação de hoje no país". Contrária ao impeachment, ela diz ter esperança de que Dilma seja reconduzida à presidência em seis meses. "Ainda não acabou", diz.

De acordo com o MTST, 30 mil pessoas participavam do ato na avenida Paulista às 19h30. Segundo a PM, 2,5 mil pessoas estiveram na manifestação. A avenida foi liberada às 21h20.

'ESCRACHO'

Cerca de 60 militantes do Levante Popular da Juventude picharam o diretório do PMDB de São Paulo e realizaram um escracho para protestar contra o afastamento da presidente Dilma Rousseff e a posse do presidente interino, Michel Temer.

O grupo declarou que estava "colocando ratoeira no ninho de ratos" e pichou a fachada do prédio com frases como "QG do golpe", escritas em tinta vermelha. O prédio, localizado perto da Assembleia Legislativa de São Paulo, parecia estar vazio e não contava com a presença de seguranças. O ato começou perto das 17h30 e se encerrou às 18h. A polícia chegou quando o grupo havia saído.

Também houve manifestações na frente dos diretórios estaduais do PMDB no Rio de Janeiro e no Ceará.


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