Folha de S. Paulo


Se assumir o governo, Michel Temer dirá que situação econômica é crítica

Pedro Ladeira - 11.abr.2016/Folhapress
#multimidia - BRASILIA, DF, BRASIL, 11-04-2016, 17h00: O vice presidente MIchel Temer fala com a imprensa para explicar sobre o vazamento de um áudio no qual ele fala sobre o cenário político pós impeachment. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O vice presidente MIchel Temer em coletiva à imprensa

Em discurso que está sendo preparado caso assuma interinamente o governo federal, o vice-presidente Michel Temer pretende ressaltar que a situação econômica do país é crítica e que a solução diante do quadro atual não será imediata.

O tom realista tem como objetivo passar a ideia de que o peemedebista assume uma máquina pública com dificuldades financeiras, reforçando o apelo por uma unidade do país em torno da aprovação de medidas no Congresso Nacional para recuperar a economia nacional e blindando a nova administração de eventuais cobranças nos primeiros meses de gestão interina.

Nas palavras de um aliado do peemedebista, a ideia é pontuar as dificuldades enfrentadas pelo país, que passa por um agravamento do quadro fiscal e pelo aumento da dívida pública, e "revelar a situação nacional sem propaganda".

A proposta é que o vice-presidente faça um pronunciamento à nação em discurso a veículos de imprensa. Nesta terça-feira (10), o presidente nacional do PMDB, Romero Jucá, negou que ele convocará cadeia nacional de televisão e rádio após o eventual afastamento da presidente.

"Não vai haver pronunciamento em rede nacional. O vice-presidente, no momento em que assumir, vai programar de que forma irá se comunicar à nação, mas por meio de veículos de imprensa", disse.

Segundo aliados do vice-presidente, como estará no cargo interinamente, ele quer evitar um gesto que seja interpretado como um desrespeito à posição da petista, que, embora afastada, ainda estará na condição de presidente até a análise final do processo.

A intenção do vice-presidente é estruturar o discurso sobre dois temas principais: medidas econômicas e política social. Em relação ao primeiro ponto, ele pretende ressaltar a proposta de sanear as contas públicas, com o corte de ministérios e de cargos comissionados. Sobre o segundo tema, deve se comprometer a manter iniciativas da administração petista, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.

Ele também deve fazer um apelo por um pedido de unidade nacional e de apoio tanto por parte da sociedade brasileira como por parte do Congresso Nacional diante do momento crítico, fazendo, como definiu um aliado peemedebista, uma fala "franca" e "solene".

O peemedebista ainda não definiu quando anunciará a nova equipe ministerial, mas a intenção é fazê-la no dia em que ele assumir interinamente o cargo, possivelmente na quinta-feira (12), para evitar uma espécie de vácuo no exercício da administração pública.

A expectativa do grupo do peemedebista é que o Senado Federal conclua nesta quarta-feira (11) o afastamento da petista e, na quinta-feira (12), ela seja notificada e, assim, suspensa da função.

Diante do atual quadro, Temer acelerou as negociações para a formação de sua equipe ministerial. Com a definição para o Ministério da Justiça do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, o vice-presidente considera dois nomes para a AGU (Advocacia-Geral da União): José Levi Mello do Amaral Júnior e Luis Carlos Alves Martins.

Para a CGU (Controladoria Geral da União), que mudará de nome, além de Ellen Gracie, que não demonstrou disposição de assumir o cargo, Temer avalia o nome do procurador-geral de Justiça de São Paulo, Elias Rosa.


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