Folha de S. Paulo


Grupo de mulheres é ouvido pela PF após protesto pró-governo durante voo

Um grupo de 73 mulheres que seguia de Salvador ao Distrito Federal foi retido no aeroporto de Brasília e entrevistado pela Polícia Federal após se manifestar, durante o voo, contra deputados que votaram pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, no começo da tarde desta terça-feira (10).

As mulheres iam à capital federal para a 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que começa nesta terça.

Elas estavam em um voo da Latam (antiga TAM), que também levava os deputados federais de oposição Tia Eron (PRB-BA) e Jutahy Magalhães (PSDB-BA), a favor da deposição da presidente.

Segundo Karla Ramos, chefe de gabinete da Secretaria de Políticas para Mulheres da Bahia e coordenadora da delegação baiana do evento, que estava no voo, o grupo gritou palavras de ordem, mas "não houve em nenhum momento desvio de conduta ou qualquer comportamento das mulheres que pudesse colocar o voo em risco".

Foi o suficiente para o comandante do voo solicitar o apoio da Polícia Federal quando o avião pousou no aeroporto Juscelino Kubitchek, em Brasília, "em função de comportamento indisciplinado de clientes a bordo", segundo nota da Latam. Ramos afirma que a tripulação agiu a pedido dos deputados presentes no voo.

As mulheres foram levadas à sala da PF, e ficaram retidas no aeroporto por mais de duas horas até que a situação se resolvesse, segundo Ramos. A Polícia Federal afirma que, após entrevistar o grupo, liberou as passageiras por constatar que não houve prática de crimes.

Em nota, a deputada federal Tia Eron informou que estava sentada nas primeiras fileiras do avião, e que "percebeu uma movimentação no fundo da aeronave de um grupo que gritava e protestava com palavras em favor do governo", mas que saiu assim que a aeronave pousou e desconhece se o grupo foi abordado pela Polícia Federal. A parlamentar afirma que não fez nenhuma solicitação à tripulação, que respeita a liberdade de manifestação e que "jamais tomaria uma atitude repressiva contra um grupo de mulheres."

A Latam afirma que "segue os mais elevados padrões de segurança, atendendo rigorosamente aos regulamentos de autoridades nacionais e internacionais", e que "está à total disposição e colaborando com as autoridades."

O deputado Jutahy Magalhães não respondeu até a publicação desta reportagem.


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