Folha de S. Paulo


João Doria usou offshore para comprar apartamento em Miami

Alberto Rocha/Folhapress
João Dória Júnior, 58, em visita ao Museu do Futebol no Estádio do Pacaembu
João Dória Júnior, 58, em visita ao Museu do Futebol no Estádio do Pacaembu

O pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, João Doria, comprou uma empresa do escritório panamenho Mossack Fonseca.

Incorporada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, a offshore Pavilion Development Limited foi usada por Doria para adquirir um apartamento em Miami (EUA) em 1998 por US$ 231 mil sem que a propriedade aparecesse em seu nome.

A informação foi publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" e pelo blog do jornalista Fernando Rodrigues, jornalista, do UOL –empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha.

A apuração internacional envolvendo a Mossack Fonseca começou quando o jornal alemão "Süddeustche Zeitung" obteve 11,5 milhões de documentos sobre o escritório do Panamá e compartilhou os papéis com 376 jornalistas de 109 veículos em 76 países, todos ligados ao ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, na sigla em inglês), uma entidade sem fins lucrativos com sede em Washington, nos Estados Unidos.

No Brasil, a investigação foi conduzida pelo UOL, pelo "Estado" e pela Rede TV!. A série de reportagens foi batizada internacionalmente de "Panama Papers".

Dentre os documentos sobre o escritório do Panamá, há contratos, procurações e cópia de passaportes de Doria e sua mulher, Beatriz Marria Bettanin Doria, junto a mensagens de e-mail referentes à compra da offshore.

Para que a obtenção de uma offshore não seja considerada ilegal, a empresa precisa estar declarada à Receita Federal no Brasil. O advogado de Doria, Nelson Wilians, disse à Folha que não "há nada de ilegal" e que a Pavilion Development Limited está declarada no Imposto de Renda de 2016 do empresário.

Segundo o advogado, as declarações de IR de 1998, quando Doria comprou a offshore, e dos anos posteriores serão apresentadas à Justiça Eleitoral quando ele for oficializado candidato do PSDB à prefeitura paulistana.

A compra da Pavilion, em abril de 1998, foi intermediada pela advogada brasileira Luciana Haddad Hakim. À época, o capital da offshore era de US$ 12 mil.

Menos de três meses depois, a empresa se tornou proprietária de um apartamento de dois quartos no apart-hotel Mutiny On The Bay, de frente para o mar, em Miami. A venda foi registrada no valor de US$ 231 mil.

Segundo o advogado contou à Folha, Doria pagou a entrada de US$ 30 mil com uma permuta de publicidade no Brasil, e o restante foi financiado em 30 anos nos EUA. "O responsável pelo empreendimento queria fazer uma propaganda no evento que Doria faz todo ano em Campos do Jordão (SP). O valor que o João cobrou foi a entrada do imóvel. Existe o contrato dessa permuta", disse Wilians.


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