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Alckmin recua e diz que PSDB não vai vetar tucanos em gestão Temer

Diego Padgurschi /Folhapress
O governador de SP, Geraldo Alckmin, é acompanhado por Aécio Neves em entrevista após reunião no Palácio dos Bandeirantes
O governador de SP, Geraldo Alckmin, é acompanhado por Aécio Neves em entrevista após reunião no Palácio dos Bandeirantes

Um dos mais resistentes à participação do PSDB no provável governo Michel Temer, o governador Geraldo Alckmin recuou e afirmou nesta quinta-feira (28) que o "partido não vai proibir ninguém de ter cargos" na gestão peemedebista.

"O partido não vai proibir ninguém que queira aceitar participar [do eventual governo Temer], se for convidado", disse Alckmin.

A declaração foi feita depois de Alckmin ter se reunido por mais de uma hora com o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), no Palácio dos Bandeirantes.

Segundo o governador, no entanto, o PSDB "não vai pleitear cargos" e "não vai fazer indicações". "Isso é o que defendo e não mudei de opinião", disse.

"O presidente Temer assumindo terá o nosso apoio em tudo aquilo que for de interesse do país e dos brasileiros. Sem nada em troca. O partido não vai exigir absolutamente nada e pode contar conosco", afirmou Alckmin.

O governador disse ainda que o PSDB, "como maior partido de oposição", "dá o exemplo" às demais siglas se colocando à disposição de participar do provável governo sem a exigência de contrapartidas.

Nos últimos dias, em declarações públicas e em entrevistas a emissoras de TV, Alckmin vinha afirmando categoricamente ser contra o ingresso de tucanos em um possível governo Temer.

Na segunda (25), em evento no interior paulista, o governador afirmou que o PSDB não precisava ter "cargos e ministérios" para poder ajudar o peemedebista. No dia seguinte, porém, deu sinais de que poderia recuar.

O alvo da resistência de Alckmin era o senador José Serra, seu rival interno nos planos para 2018 e cotado para assumir importante cadeira no eventual governo Temer.

Desautorizando um de seus principais aliados, o deputado Silvio Torres, secretário-geral do partido, Alckmin disse não concordar que o PSDB exija o licenciamento de tucanos que integrarem uma eventual gestão Temer.

"Essa não é a minha opinião. Não tem nada de história de tirar licença, não tem o menor cabimento isso", afirmou.

Classificando o modelo político-eleitoral brasileiro de "verdadeiro monstrengo", Alckmin defendeu que uma das primeiras medidas da eventual gestão Temer seja a reforma política. O governador disse também que o peemedebista deve agir para implementar políticas de retomada de geração de empregos e desenvolvimento do país.

As propostas de Alckmin serão incorporadas ao documento que o PSDB apresentará no próximo dia 3, depois da reunião da Executiva Nacional em Brasília.

Antes de reunir com o governador, Aécio esteve no apartamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para discutir a redação final do texto que reúne um conjunto de "sugestões emergenciais" para o país em um provável governo Temer.

De acordo com Aécio, há hoje uma convergência no partido de que o PSDB não deve se negar a dar sua contribuição ao governo Temer, mas que isso "não depende de nenhuma contrapartida de cargos".

"Saio daqui hoje percebendo que há uma absoluta convergência tanto em relação ao que o governador Alckmin pensa, o que o presidente Fernando Henrique pensa e o conjunto do partido", afirmou Aécio.

Os homens de Temer


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