O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), nomeou para a função de coordenador do Arquivo Público do Estado o ex-chefe de gabinete da Secretaria da Educação investigado na operação que apura fraudes na merenda, Fernando Padula.
A nomeação de Padula para a função de chefia foi publicada no "Diário Oficial" no último dia 21. Padula havia deixado a chefia de gabinete da Educação, cargo que ocupou por quase dez anos, em fevereiro, em meio às investigações sobre a merenda. Ele é quadro do PSDB de São Paulo.
A Operação Alba Branca apura um suposto esquema de fraudes e desvios na venda de itens para a merenda pela Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar), de Bebedouro (SP).
São investigados contratos com mais de 20 municípios paulistas e com a Secretaria da Educação do governo Alckmin. Ex-dirigentes da cooperativa já admitiram que pagavam propina a servidores públicos e políticos.
Um dos políticos citados é o presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez (PSDB), que nega envolvimento e repudia a menção a seu nome no escândalo.
'NOSSO AMIGO'
Nos grampos feitos pela Polícia Civil de Bebedouro em dezembro do ano passado, Padula é citado pelos funcionários da Coaf como "nosso amigo" –as escutas apontam que ele seria o contato do grupo dentro da Educação.
Em outro grampo, Luiz Roberto dos Santos, o Moita, ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo paulista, orienta os membros da Coaf sobre como aumentar seus ganhos no contrato com o Estado.
"Acabei de falar com o Padula e ele entende, assim como eu, que não é aditivo, é reequilíbrio econômico. Não põe aditivo porque você não está mantendo o preço", disse Moita, no grampo, a um lobista da cooperativa, Marcel Ferreira Julio.
A Corregedoria Geral da Administração instaurou procedimento para apurar o caso e concluiu, em relatório de 30 de março, que não há provas de que Padula tenha atuado para favorecer a Coaf.
Ele continua sendo investigado pelo Ministério Público, no mesmo procedimento que apura eventual participação de Capez no esquema.
O Arquivo Público, que ele vai comandar, é responsável por formular políticas de gestão documental para o governo, e tem acervo com mais de 34 mil metros lineares de documentação sobre a história de São Paulo.
OUTRO LADO
Em nota, o governo de São Paulo afirmou que Padula "é funcionário de carreira, com 17 anos de serviços prestados à administração pública".
"A Corregedoria Geral da Administração concluiu a primeira etapa da apuração de envolvimento de servidores e não foram comprovados os fatos atribuídos a Padula e constantes das denúncias", afirmou o governo.