Folha de S. Paulo


Temer se manifesta contra aumento de impostos, diz Skaf

Alan Marques/Folhapress
Brasilia,DF,Brasil 24.04.2016 O presidente da Fiesp Paulo Skaf, da entrevista apos reuniao com Michel Temer no Palacio Jaburu. Foto: Alan Marques/Folhapress Cod0619
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, em entrevista após reunião com Michel Temer no Palácio do Jaburu

Após um longo encontro, de cerca de seis horas, com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) no Palácio do Jaburu, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, disse neste domingo (24) que o peemedebista se mostrou contrário ao aumento de impostos, mas evitou firmar compromissos até que ocorra a votação do impeachment no Senado.

"Ele não é a favor de aumento de impostos e respeita muito esse processo, que ainda não está concluído. Ele se reserva sempre de que é preciso aguardar a conclusão do processo no Senado. Mas é natural que, considerando a aprovação na Câmara e o tempo que tem para a aprovação no Senado, ele ouça ideias, propostas e converse com as pessoas", disse.

Segundo Skaf, Temer "ouviu atentamente" às propostas da Fiesp, que incluem a realização de um ajuste fiscal sem que haja aumento de impostos –o que, para ele, esfriaria ainda mais a economia.

"Em hipótese nenhuma [apoiaríamos uma nova CPMF]. Acreditamos e sabemos que é possível fazer o ajuste fiscal, é possível acertar as contas do governo na mão das despesas, reduzindo desperdícios, de forma a equilibrar [a situação]", afirmou.

"Só tem uma forma de aumentar a arrecadação: com a retomada do crescimento do país. Essa sim aumenta naturalmente a arrecadação. Retomar o crescimento não é aumentar impostos", completou. Para o empresário, o atual governo desperdiça muitos recursos.

Segundo Skaf, há uma falta de confiança no atual governo e na atual presidente, Dilma Rousseff. "E essa falta de confiança faz com que os investimentos parem –e já pararam– e faz com que o consumo pare. Tem que se restabelecer a confiança no Brasil."

Ele criticou também propostas da presidente que incluem o aumento de impostos para ajudar a recuperar a economia do país, como a retomada de um tributo nos moldes da CPMF.

"O governo não deveria ter essa moral de pedir mais impostos à sociedade. Tem que acertar suas contas dentro do seu orçamento", afirmou.

Apesar do apelo, auxiliares de Temer já admitem, reservadamente, a criação de um novo imposto, como a CPMF também, como mostrou a coluna Painel deste domingo (24). A avaliação é que, se necessária, a ideia só poderia ser publicizada depois de o governo ter mostrado que reduziu seus gastos e cortou na própria carne.

Skaf é um dos principais apoiadores do processo de impeachment de Dilma. À frente da Fiesp, ele comanda a campanha "Não vou pagar o pato", contra o aumento de tributos –o símbolo da campanha, um pato amarelo com os olhos em formato de X, virou um dos ícones das manifestações contrárias ao governo Dilma.

Neste fim de semana, Temer deu continuidade à série de encontros que tem realizado com políticos e economistas que o aconselham na montagem de seu governo, que deve ser instalado se o Senado aprovar o afastamento da presidente Dilma Rousseff do cargo. A votação deve ocorrer em maio.

No sábado (23), o vice recebeu o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e o ex-ministro do governo Dilma Gilberto Kassab, presidente do PSD.

Como Meirelles é filiado à sigla, Kassab foi chamado para acompanhar as conversas. O senador Romero Jucá (RR), presidente do PMDB, também esteve presente.

Neste domingo, enquanto todas as atenções se concentravam ao redor do Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República, Dilma se reuniu com o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, e com seu assessor especial Giles Azevedo.

O encontro aconteceu às vésperas de o Senado instalar a comissão especial do impeachment, o que deve ocorrer nesta segunda (25). Um dos principais conselheiros da presidente, o ministro é o responsável por elaborar a defesa da petista neste processo.

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