Folha de S. Paulo


Temer diz que vai 'silenciosamente' esperar decisão do Senado sobre Dilma

Pedro Kirilos/Ag. O Globo
O vice-presidente Michel Temer fala a jornalistas em frente a sua casa em São Paulo
O vice-presidente Michel Temer fala a jornalistas em frente a sua casa em São Paulo

O vice-presidente Michel Temer afirmou na manhã desta terça-feira (19) que "muito silenciosa e respeitosamente" vai "aguardar a decisão do Senado Federal" sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

"O Senado Federal é que dá a última palavra sobre essa matéria. Portanto, seria inadequado que eu dissesse qualquer coisa antes da solução acertada pelo Senado Federal", disse Temer aos jornalistas em frente à sua casa, no Alto de Pinheiros, em São Paulo.

Questionado se já estaria montando seu ministério para o futuro governo, o vice-presidente limitou-se a dizer: "Não estou".

Nesta segunda (18), Temer se reuniu com conselheiros para traçar uma estratégia de defesa à ofensiva governista. Um dos principais auxiliares do vice, o ex-ministro Moreira Franco, chegou ao escritório de Temer, no bairro do Itaim Bibi, acompanhado de Thomas Traumann, que foi porta-voz e ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social) de Dilma.

A avaliação do entorno do vice-presidente é que, a partir de agora, o governo insistirá, cada vez mais, "na vitimização" da presidente e que Temer não deve deixar de dar respostas.

A Folha apurou que, na avaliação do auxiliares de Temer, Traumann poderia "ajudar a calibrar o discurso" do vice-presidente, baseado na proximidade que teve com Dilma até recentemente. A presidente, avaliam os auxiliares da presidente, estaria partindo para uma separação "litigiosa".

ALEXANDRE DE MORAES

O secretário de Segurança de São Paulo, Alexandre de Moraes, tomou um café na casa do vice-presidente na manhã desta terça.

Ele negou que o tema da conversa foi sua ida à um ministério em um eventual governo Temer. "Vim conversar, principalmente por essa situação atual dele aqui, se estava necessitando de alguma coisa em relação à Segurança da área, até porque ele está como vice, mas já aguardando a possibilidade de assumir a Presidência", disse.

O secretário, que é advogado constitucionalista, disse ainda que pretende permanecer na Secretaria de Segurança de São Paulo enquanto contar com a confiança do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

DISCURSO DE DILMA

A presidente Dilma afirmou, em sua primeira declaração pública desde a derrota na Câmara dos Deputados, que teve os "sonhos e direitos torturados", se sentiu "indignada" e "injustiçada" com a aprovação do impeachment. Em sua fala, ela acusou o vice-presidente Michel Temer de trair e conspirar abertamente contra ela.

"É inusitado, é estranho, é estarrecedor que um vice-presidente no exercício de seu mandato conspire contra a presidente abertamente. Em nenhuma democracia do mundo uma pessoa que fizesse isso seria respeitada, porque a sociedade não gosta de traidor. Por que não? Porque cada um de nós sabe a injustiça e a dor que se sente quando se vê a traição no ato", afirmou a petista.

TRÂMITE DO IMPEACHMENT

Aprovado pela Câmara no domingo, o processo de impeachment de Dilma foi entregue ao Senado nesta segunda. O documento tem 36 volumes e 12.044 páginas.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que presidiu a sessão de domingo, foi pessoalmente ao gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para formalizar a entrega.

Avalizado o andamento do impeachment pela Câmara, caberá agora ao Senado decidir pela abertura do processo e posterior julgamento da presidente. Segundo Renan, o processo será lido nesta terça na sessão deliberativa do plenário.

PRÓXIMOS PASSOS DO IMPEACHMENT NO SENADO


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