Folha de S. Paulo


Chefe de gabinete de Delcídio confirma pagamentos a Nestor Cerveró

Alan Marques - 16.abr.2014/Folhapress
GALERIA DILMA ROUSSEFF: MANDATOS E CRISE - O ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró fala na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados
O ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki homologou nesta segunda-feira a delação premiada do chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral, Diogo Ferreira.

A Folha apurou que Ferreira relatou aos investigadores que o filho do pecuarista Jose Carlos Bumlai, Maurício Bumlai, desembolsou R$ 150 mil para serem entregues ao ex-diretor Internacional da Petrobras Nestro Cerveró.

O chefe de gabinete admitiu que ele próprio fez os pagamentos para o então advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, a pedido de Delcídio. Ele disse que o senador explicou apenas que o dinheiro seria para ajudar a família de Cerveró.

Já Delcídio, em sua delação premiada, também homologada pelo Supremo, afirmou que a ideia de procurar a família Bumlai partiu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o senador, Lula estava preocupado com a possibilidade de Cerveró implicar em seus depoimentos o José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente.

De acordo com o que a Folha apurou, Diogo Ferreira apresentou provas, como trocas de mensagens com Maurício Bumlai, sobra a suposta compra do silêncio de Cerveró.

Confrontado pelas investigadores com as declarações de Delcídio, Rodrigues não soube dizer se o plano partiu do ex-presidente Lula.

Em depoimento ao juiz Sergio Moro nesta segunda (18), o Nestor Cerveró começou a chorar ao mencionar o "esforço" e a "coragem" de seu filho ao gravar Delcídio e o advogado Edson Ribeiro na trama para manipular a sua delação premiada.

"O meu filho teve a frieza de ficar uma hora e meia conversando e conseguiu gravar a conversa com o meu advogado, que tinha se aliado ao senador Delcídio, planejavam um esquema de fuga", disse, com a voz embargada.

NAVARRO

O chefe de gabinete também falou o que sabia a respeito da suposta influência do governo para evitar a punição de empreiteiros, ao nomear o ministro Marcelo Navarro para o STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Diogo Rodrigues relatou um dia em que Delcídio se reuniu com o então ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, hoje advogado-geral da União.

O chefe de gabinete disse que não participou da conversa, mas que, em dado momento, o parlamentar o chamou e pediu que ele imprimisse os andamentos de habeas corpus de alguns empreiteiros, supostamente para serem entregues a Cardozo.

OUTRO LADO

Procurado, o criminalista Ricardo Berenguer, que defende Maurício Bumlai, disse que não comentaria as alegações do ex-chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira, porque não teve acesso ao conteúdo da delação premiada.

A assessoria do ex-presidente Lula também não quis se manifestar sobre o teor da declaração de Ferreira, que disse não saber se o plano para silenciar Cerveró partira do petista.

Em depoimento à Procuradoria-Geral da República no último dia 8, o ex-presidente negou ter participado de uma trama para interferir na delação do ex-diretor da Petrobras e afirmou que não mantinha relação de proximidade com Delcídio do Amaral.

A defesa de Edson Ribeiro não irá se pronunciar pois não teve acesso aos autos. Já José Eduardo Cardozo não se manifestou até o momento.


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