Folha de S. Paulo


Autor do voto que definiu vitória no impeachment fala em 'destino'

Alan Marques/Folhapress
Deputado Bruno Cavalcanti de Araújo (PSDB-PE) é ovacionado após dar voto decisivo para abertura do processo de impeachment de Dilma
Deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) é ovacionado após dar voto decisivo para abertura do impeachment

O deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), autor do voto que definiu o placar em favor dos defensores do impeachment de Dilma Rousseff, integra o grupo que desde fevereiro do ano passado trabalhava na Câmara dos Deputados pelo afastamento da presidente.

"No início nós éramos apenas 70, mas foi ampliando a lista. Começamos do zero mesmo", disse Araújo, 43, natural do Recife (PE). Nos últimos cinco anos, Araújo foi um dos mais conhecidos nomes da oposição na Câmara, tendo ocupado a liderança da bancada do PSDB em 2011.

Quem é quem

"Acho que foi o destino que permitiu a um deputado que desde o começo estava envolvido nesse processo dar esse voto", afirmou o parlamentar.

Advogado por formação, Araújo começou a carreira política aos 28 anos de idade, ao se eleger deputado estadual em Pernambuco. Ele seguiu os passos do pai, Eduardo Araújo, que também foi deputado estadual. Desde os 18 anos já trabalhava na política, como assessor do governo do Estado.

Segundo ele, a preocupação do PSDB agora é "estabelecer um cronograma para que o Brasil chegue em pé em 2018", desconsiderando qualquer chance de o PT reverter no Senado a decisão da Câmara.

Araújo evitou opinar se o partido deve ou não integrar um suposto futuro governo de Michel Temer (PMDB-SP), o vice que assumiria em caso de afastamento de Dilma. Ele disse que a decisão deverá ser discutida pelo comando nacional do partido, mas que o PSDB "tem que dar o suporte no Congresso Nacional" ao governo Temer naqueles "projetos que têm a ver com as propostas do PSDB".

Nesse cenário que chama de "reconstrução do país", Araújo conta até com o PT. Defendeu que o PSDB deva "estender a mão ao PT, saber se o PT aceita a mão estendida para reconstruir o país".

Católico "não praticante", segundo se define, Araújo fez o sinal da cruz ao se aproximar do local do microfone instalado no meio do plenário do Congresso para o 342º voto a favor do impeachment.

(RUBENS VALENTE, RANIER BRAGON, DÉBORA ÁLVARES, ISABEL FLECK, MARIANA HAUBERT, LEANDRO COLON E GABRIEL MASCARENHAS)


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