Folha de S. Paulo


No Planalto, aliados reconhecem derrota com menos votos que previsto

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 16-04-2016, 14h00: Deputados começam a votar em microfone postado no meio do plenário. Sessão de votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na câmara dos deputados. O presidente da câmara dep. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) preside a sessão. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
Sessão na Câmara dos Deputados que analisou o processo de impeachment

O mapa de votações do Palácio do Planalto apontava derrota do governo quando o processo chegou ao Estado do Rio Grande do Norte. Pelos cálculos do governo, neste Estado, o governo deveria estar com 115 votos, mas conseguiu 95 no total, 20 votos a menos.

Com isto, a equipe da presidente Dilma já reconhecia que seria derrotada. Nas palavras de um assessor, apenas um milagre poderia mudar o placar, o que, pelas projeções, não teria condições de ocorrer. A expectativa é que o governo feche a votação com cerca de 140 votos favoráveis e o PMDB e a oposição com cerca de 360.

O Palácio do Planalto definiu que, neste domingo (17), quem irá se pronunciar pela presidente Dilma será o ministro José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União), responsável pela defesa da petista. A linha do discurso de Cardozo será de que "o jogo só acaba quando termina".

O governo deve entrar no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o mérito do pedido de impeachment, mas ainda não está definido quando isto irá acontecer.

Líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), reconheceu a derrota e comentou as traições. "Aqui (na Câmara), não dá mais. Agora vamos para a luta e tentar reverter no Senado. Aqui, muitas traições, coisas surpreendentes, como o Alfredo Nascimento. Amazonas não deu um voto para nós, Eduardo Braga (senador pelo Amazonas e ministro de Minas e Energia ) não conseguiu nem um voto, como é que pode?", lamentou Costa.

Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), reconheceu a derrota no salão verde da Câmara. Ele diz que a "luta continua". "Tem luta na rua e tem luta no Senado", afirmou. "Eu não sou de fugir da luta, sei perder e sei ganhar. Mas estou inteiro para continuar lutando pela democracia".

O deputado Wadih Damous (PT-RJ) reconheceu que "provavelmente não dá mais". Afirmou que "o resultado é espúrio, do começo ao fim, tanto pela presidência de Cunha quanto pela falta de crime". Afirmou que "é uma maioria superficial, vem aqui falar do papai, da mamãe, contra a corrupção, e tem vários investigados na Lava Jato".

"Vamos esgotar todas as possibilidades", disse o presidente do PT de São Paulo, Emidio de Souza.

DATAFOLHA

Mais cedo, projeção realizada pelo Datafolha com base na votação até agora na Câmara dos Deputados indica aprovação da abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Até as 19h50, 175 deputados haviam votado "sim", ou seja, pelo afastamento de Dilma. Com base no comportamento das bancadas e nas declarações antecipadas de voto, o número mínimo de 342 votos a favor do impeachment deverá ser atingido, de acordo com a estimativa do instituto de pesquisas.


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