Folha de S. Paulo


Presença de líderes do MBL na Câmara às vésperas de votação gera confusão

Isabel Fleck/Folhapress
Kim Kataguiri mostra crachá reservado a autoridades
Kim Kataguiri mostra crachá reservado a autoridades

A presença de três líderes do Movimento Brasil Livre (MBL) no Salão Verde da Câmara desde a sexta-feira (15) gerou confusão entre deputados neste sábado (16).

Kim Kataguiri, Renan Santos e Rubens Nunes estão com crachás reservados a autoridades em que se lê "Acesso Salão Verde". Durante a tarde, no meio dos corredores de um dos anexos da Câmara, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) questionou o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM) sobre a presença dos líderes do MBL.

"Esse crachá é para autoridades, não é para pessoas que não sejam autoridades", disse Zarattini. "Eles estão aqui indevidamente."

"Primeiro tem que saber quem foi que deu [os crachás]", respondeu Avelino.

Quando o grupo tentou seguir em direção ao gabinete da liderança do DEM, foi barrado por Zarattini e o clima ficou mais tenso. "Vocês estão fazendo uma coisa irregular aqui, esse crachá é para autoridade", repetiu o deputado petista.

Todos foram parar na Diretoria-Geral da Câmara, que acabou autorizando a permanência dos líderes do MBL no Salão Verde. O trio tem abordado deputados no local para pressionar em favor do impeachment, que será votado no domingo (17).

Minutos depois, o deputado Afonso Florence (PT-BA) reclamou, no plenário, sobre a concessão de crachás ao movimento. Para os governistas, se há credenciais para movimentos pró-impeachment, é preciso que sejam concedidos crachás para lideranças dos movimentos contrários ao afastamento.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse que as "lideranças têm seus acessos" e que a mesa diretora da Câmara teve direito a distribuir alguns convites.

Kataguiri confirmou que as três credenciais de acesso saíram de uma cota da mesa diretora. Renan Santos disse à Folha que os crachás foram pedidos ao deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS).

A assessoria de Perondi disse que não fez o pedido. A assessoria da liderança do DEM também afirmou não ter feito a solicitação à mesa diretora.

"A gente não é bandido. A gente fez uma solicitação, para o deputado Perondi, pedi para ele", disse Santos. "Agora eu não sei os trâmites da Casa, eu não tenho nada a ver com isso, quem quer ter crachá e não consegue que se vire. Isso não é problema meu."

O acesso às dependências da Câmara, em especial ao Salão Verde e ao plenário, tem sido bastante restrito. Segundo a Folha apurou, cada liderança recebeu apenas três crachás com esse tipo de acesso.


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