Folha de S. Paulo


Cunha confirma início da votação do impeachment pelo Sul

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), confirmou nesta quarta-feira (13) que a votação do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff começará pelos deputados da região Sul. O Nordeste e o Norte, regiões onde a petista teria maior apoio, ficarão para o fim.

O PT deverá recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) questionando o critério. Nos bastidores, Cunha combinou com aliados essa ordem de chamada com a intenção de reforçar uma "onda" pró-impeachment no domingo.

O argumento de Cunha é o de que cumpre a regra regimental para votações como essa. Elas devem começar pelo Norte, se a última tiver começado do Sul, e vice-versa. Cunha considera como última votação desse tipo a eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara, em 2005, que, diferentemente da situação atual, foi secreta. Essa incluiu uma chamada que começou pelo Norte.

O PT diz que essa sessão não pode ser considerada, entre outras coisas, porque era uma eleição, não uma votação. E que deveria ser usada votação de 2001, que começou pelo Sul.

Além disso, na votação do impeachment de Fernando Collor de Mello, a chamada dos deputados foi pro ordem alfabética. Justamente sob o argumento de que essa era a melhor escolha para evitar qualquer tipo de direcionamento.

Com a lista de Cunha, os deputados do Nordeste só começarão a votar após a chamada do 297º nome da lista.

Dentro de cada Estado, os deputados serão chamados pela ordem alfabética. Com isso, o primeiro a votar será Afonso Hamm (PP-RS). A última, Shéridan (PSDB-RR). Cada deputado irá declarar seu voto em um microfone fixo no plenário (sim ao impeachment, não ou abstenção). Ele terá um tempo de 10 segundos, o que abrirá margem para manifestações políticas.

Em 1992, coube ao deputado Paulo Romano (MG), do então PFL (hoje DEM), dar o voto de número 336, que definiu a aprovação da abertura do processo contra Collor. Na época, a Câmara tinha menos deputados. Na votação de domingo serão necessários 342 dos 513 votos para que o Senado seja autorizado a abrir o processo contra Dilma.

Infográfico Impeachment


Endereço da página:

Links no texto: